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É hora de discutir a dívida social que Maringá tem com Sarandi

Sarandi tem um aterro sanitário terceirizado e se é terceirizado o terceirizador faz o que bem entende, a menos que o contrato de cessão tenha sido feito com um mínimo de respeito à população do município concedente. Pelo jeito os sarandienses não sabem nada sobre o assunto, porque foram pegos de surpresa com a notícia de que o seu aterro será utilizado para depositar o lixo coletado em Maringá. Quem vai lucrar com isso é a empresa que, certa da grana alta que Maringá lhe pagará, já anunciou investmentos de R$ 1 milhão no local. O vice-prefeito de Sarandi, Carlos Alberto de Paula Júnior não tem dúvida disso:"O lucro é só dos donos do aterro". Ele ainda manifesta a preocupação de que o emergencial informado pela "administração cidadã" de Maringá se perpetue. A perspectiva inicial é de que a utilização do aterro em carpáter de emergência pode ter duração de pelo menos três anos.
Bem, mas sem querer entrar no mérito dessa questão, posto que ela ainda vai dar muito pano pra manga, quero fazer apenas algumas ponderações a respeito da condição de cidade dormitório que Sarandi exerce desde que o município foi criado por lei estadual do deputado Antônio Facci, o saudoso presidente da Academia Maringaense de Letras que nos deixou faz pouco tempo:
1 - Maringá tem uma dívida social gingantesca com Sarandi, uma vez que, por conta da sua histórica política de exclusão social, expulsou a população pobre para Sarandi e Paiçandu, este em menor escala. De acordo com levantamento da Prefeitura
(tendo como referência dados do IBGE) feito na segunda gestão Cido Spada, uma média de 70 famílias chegava a Sarandi vindo de vários cantos, a maioria do Paraná. Mas tratava-se de pessoas que deixavam seus municipios de origem para vir residir em Maringá, acreditando no eldorado. Chegando aqui, se deparavam com imóveis inacessíveis a famílias de baixa renda. Para onde iam? Se pensou Sarandi acertou em cheio.
2 - Ressalte-se que a partir da administração Ricardo Parros (89/92) o IPTU em Maringá ganhou as alturas e a especulação imobiliária inviabilizou a moradia para pessoas de baixa renda. Destino da maioria dessas famílias: Sarandi.O resultado desse processo foi o inchaço do município vizinho, que ficou com o ônus, enquanto que Maringá preservou o bônus de manter essas pessoas trabalhando aqui e consumindo aqui.

3 - A propósito do fato de boa parte da população de Sarandi trabalhar e comprar em Maringá, foi que a Coordenação da Região Metropolitana, através do João Ivo, elaborou um grande projeto visando a integração do passe de ônibus, que beneficiaria também Paiçandu. Na hora assinar o termo de anuência, visando a celebração de convênio para viabilzar a implantação do passe integrado, o prefeito Silvio Barros II pulou fora. Seus argumentos estavam respaldados na resistência da TCCC, que só aceitaria a integração numa boa, se houvesse um plus na passagem, para compensar a perda do segundo embarque do passageiro de Sarandi e Paisandu dentro de Maringá. Silvio dizia que o maringaense não poderia pagar para que o sarandiense andasse de ônibus aqui dentro, uma avaliação no mínimo absurda, porque a integração significaria a valorização do sistema de transporte coletivo entre as tres cidades conurbadas da RM. E o benefício seria também para Maringá, porque o empresariado local que busca boa parte da mão-de-obra em Sarandi e Paiçandu desembolsaria menos com o vale transporte. Some-se a isso o fato de que a maioria das empregadas domésticas que trabalha em Maringá é de Sarandi e em menor escala, Paiçandu. E quem banca a passagem? O patrão.
Então, para efeito de integração do passe de ônibus, o espírito metropolitano não vale? Mas quando se trata de Sarandi servir de depósito do lixo coletado em Maringá,aí tem que valer a lógica metropolitana?
A reação dos moradores e algumas autoridades de Sarandi é procedente e acho que este fato pode, e deve, servir de gancho para uma discussão bem profunda (e responsável)sobre a dívida social que Maringá tem para com este vizinho.

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