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O PT se deixou levar pela síndrome da certidão

Já houve esse debate em Maringá, mas de forma tímida, nada aprofundada. Nessas últimas eleições municipais, também não se aprofundou a discussão sobre o tema mas parece ter havido um arrefecimento da rejeição ao PT, apesar da diferença pequena (apenas 6%) entre Ênio e Pupin.
Passado o pleito, cujo resultado só será sacramentado a partir da decisão colegiada do TSE no caso da impugnação da candidatura Pupin, inicia-se um processo de análises e pequenas reflexões em cima do termo preconceito. Não me lembro ter ouvido ou lido críticas à administração petista (2001/2004) no nível do juízo preconcebido, até porque depois dos avanços sociais inegáveis conquistados no governo Lula e preservados agora por Dilma, rememorar os tempos da guerra seria despautério.
O que ocorreu em Maringá nessa campanha foi o acirramento da disputa entre dois grupos hegemônicos. A polarização previsível do primeiro turno criou um clima meio que plebiscitário no processo eleitoral, esvaziando as demais candidaturas e ao mesmo tempo, disseminando a cultura do medo, como já ocorrera no passado em todo o país.
Em Maringá esta cultura se rompeu em 2000, fruto do enfraquecimento do grupo de Ricardo Barros e da barreira que a corrupção criara para Jairo Gianoto absorver os frutos do reacionarismo torpe. Some-se a isso, o fato de que o candidato petista José Claudio Pereira Neto, que já mostrara seu poder de persuasão em 1996, soube entrar nas brechas deixadas por aquelas circunstâncias para fazer um gol de placa.
Em 2004, a disputa interna entre Ênio e João Ivo , o vice que assumira com a morte de Zé Cláudio, foi determinante para que o PT desse sopa ao azar, permitindo a volta do status quo ante . Não quero entrar nos detalhes dessa briga, que facilitou a eleição de Silvio Barros II, posto que na época escrevi sobre o tema e fui mal compreendido pelo grupo majoritário do petismo, que ainda não encontrou as sandálias da humildade.
A alimentação do preconceito se deu de maneira sob-reptícia, por meio de uma guerra ridícula do azul contra o vermelho. Tão ridícula que o próprio PT local já vinha se auto-descriminando com a estratégia de omissão da sigla partidária do seu material de campanha e até da própria cor vermelha, que deu lugar ao branco em suas bandeiras. Mesmo assim, o adversário insistiu no confronto azul x vermelho, colocando o azul como exemplo da eficiência fiscal e o vermelho, ao contrário, como exemplo claro da incompetência na gestão pública. Ou seja, o superávit deu de cinta no déficit, num jogo de palavras e gráficos de fazer inveja ao grande ilusionista.
Preconceito? Não dá para imaginar que a população de Maringá o tenha. Mas é fácil perceber que 53% dos maringaenses se viram tomados pelo medo do vermelho voltar à prefeitura e deixar Maringá novamente com a síndrome da certidão.

Em tempo: a Câmara Municipal começa a discutir e votar hoje as contas da administração petista relativas a 2004, com indicação de reprovação pelo Tribunal de Contas do Paraná. O TC diz que o prefeito João Ivo não investiu na educação os 25% exigidos pela Constituição. De fato, ficou em 22%, mas já escrevi aqui que o problema foi de ordem apenas técnico-contábil.Teria alcançado os outros 3%, caso o prefeito que assumiu em 2005 tivesse pago os empenhos relativos aos investimentos feitos em escolas no prazo de 4 meses, conforme determinava a Lei de Responsabilidade Fiscal. Ele pagou no quinto mês, jogando o crédito para a gestão fiscal do seu primeiro ano de governo.
Estranho que o PT não conseguiu esclarecer este fato para a população durante a disputa eleitoral. Agora, a Inez pode estar morta, porque o Amém F.C. certamente fará todo o esforço possível para rejeitar as contas. E aí, o prefeito eleito terá mais um argumento para dizer à população: “Tá vendo porque o maringaense acertou em cheio em ficar no azul?”.

Comentários

jeferson disse…
Concordo Sr. Messias. Também acho que faltou ao PT de Maringá ir para as ruas e ouvir o cidadão. A entrevista de Humberto Henrique na Band logo após a apuração é exemplar. Ao ser questionado sobre a ausência na campanha de debates sobre o contrato com a Sanepar, o vereador alega que ficaram de fora por que esse assunto "não apareceu nas pesquisas qualitativas"!! Isso que dá seguir esses marqueteiros ao invés de se ouvir o cidadão ou a militância.

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