“Essa
é a multidão da democracia, tantas vezes pisoteada na América Latina. Pisoteada
no assassinato de Gaitán na Colômbia em 1948, no suicídio de Vargas em 54, nos
golpes militares do Cone Sul dos anos 60 e 70. A multidão vermelha de Caracas
é a mesma que baixou dos morros, em 2002, e garantiu o mandato
de Chávez. Os golpistas tinham as televisões, os empresários, a classe
média. Chávez tinha o povão. Ou seria o contrário: o povão tinha Chávez, e
dele não abriu mão.
É
preciso lembrar sempre: a multidão precede Chávez na história da
Venezuela. Não foi Chávez que inventou a multidão, mas ao contrário: a multidão
é que inventou Chávez.
1989.
O governo neoliberal venezuelano anuncia um aumento geral de tarifas. A multidão,
sem líder, sem controle, põe fogo em Caracas. O Caracazo era o sintoma de que a
multidão retomava o fio da história que os idiotas neoliberais imaginavam
extinto.
A
multidão do Caracazo gerou o Chávez de 92: líder de uma rebelião
frustrada. Depois, viria a vitória chavista nas urnas em 1998. E um governo
sustentado pela multidão. Sempre”.
. Do repórter Rodrigo Viana (Rede
Record) impressionado com a multidão que viu do alto ao chegar nesta
sexta-feira a Caracas para cobrir o velório de Hugo Chaves.
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