Maringá é uma cidade completa, não precisa mais de
infra-estrutura, porque tudo aqui está pronto. É , metaforicamente, uma cidade
redondinha, que vai muito bem, obrigado, mas desde que pés inábeis não façam ,
como ocorre hoje, ficar quadrada a bola do jogo. A cidade precisa sim, de obras
estruturantes, principalmente no quesito mobilidade urbana. Mas nada que exija
grandes intervenções, que demande grandes projetos e muitos recursos. As
últimas duas obras de peso estão por ser concluídas. Custam o olho da cara e
são feitas com recursos federais , com a devida contrapartida do município que é de 20%. Mas
ao lembrar do Novo Centro e do Contorno Norte, necessário se faz observar o
seguinte:
Novo Centro - O rebaixamento da linha férrea começou em 2004, com
valor estimado de R$ 43,8 milhões e com prazo de 40 meses para terminar. Já se
vão mais de 8 anos e, nas asas de
aditivos, o custo já ultrapassa a casa dos R$ 100 milhões.
Contorno
Norte – Há que se
tirar daquela via expressa o termo contorno, pois, tal qual o próprio nome diz, contorno contorna. Este, passa por dentro da cidade, apenas com
transferência do tráfego pesado da Colombo para uma outra avenida, muito mais
perigosa. Quando o então Ministro do Planejamento Paulo Bernardo veio assinar a
primeira ordem de serviço, o custo estimado da obra era de aproximadamente R$
160 milhões. Ultrapassará os R$ 300 milhões.
Para
piorar a situação, a obra cria dificuldades extremas aos moradores de bairros
localizados do lado de lá . Atravessar o Contorno já é, para muitos, uma aventura. As passarelas são
estreitas e ficam longe uma da outra. Os viadutos são igualmente distantes,
agravando o isolamento de vários bairros, alguns até batizados de “Bairro de
Soweto”. Não por
acaso, o Contorno ganhou o apelido de “Transtorno Norte”, cujo traçado original é da primeira gestão
Said Ferreira, lá se vão bons 30 anos,
pelo menos, quando ali só existia mato e café. Se fosse construído à época, seria
realmente um contorno.
Vale a
lembrança de que a Viapar está nos finalmente do Contorno de Mandaguari, este
sim um contorno, feito ao custo de R$ 90 milhões. Tudo bem que o percurso é
menor – 10 quilômetros contra os 17 daqui, mas construído em terreno
topograficamente acidentado e que necessitou de muitas intervenções, bem ao
contrário do que ocorreu em Maringá. Comparando custos e tempo de execução do
projeto, sem dúvida que o Contorno Norte merece boas explicações, inclusive
cobranças mais incisivas da Controladoria Geral da União ao Denit.
Feitos esses reparos sobre o Novo Centro e o Contorno
Norte, vem a questão-chave: por que Maringá é uma cidade tão mal cuidada? O
município tem um orçamento de quase R$ 1 bilhão e, no entanto as praças estão com
cara de terra arrasada; a coleta de lixo é precária, a coleta seletiva quase
não existe, as ruas estão sujas, as calçadas detonadas e os fundos de vale ao
Deus dará. Some-se a isso a falta de cuidado com bens públicos, caso do
Cineteatro Plazza , exemplo pronto e acabado de desleixo.
O que o maringaense comum espera da administração
pública? Apenas zelo com a cidade e um pouco mais de eficiência e
vontade política no trato das demandas sociais. Faltam vagas nas creches, a
saúde pública é cheia de altos e baixos, mais baixos do que altos; a educação
segue contaminada pelo germe da imposição e do fisiologismo político na indicação dos diretores das escolas municipais; o relacionamento do
chefe do Executivo com os servidores é péssimo, até por conta do excesso de CCs
na Prefeitura e pelo total desapreço a compromissos assumidos com o sindicato
da categoria.
Absurda a reação nada republicana de apaniguados
contra os que exercem o direito à
crítica. Maringá , convenhamos, não é um feudo, embora haja aqui, alguma
semelhança com a prática da vassalagem. Acreditem:
temos até um arremedo de suserano. Mas isso pode acabar, basta que a população
saiba ministrar direitinho aquele remédio chamado voto, que a democracia prescreve contra a potencialização do caciquismo.
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