(o título é meu)
“A
divulgação de duas listas complementares — a de 28 políticos arrolados na
delação premiada de Paulo Roberto Costa (19/12) e a de 13 ministros indicados
por Dilma Rousseff (23/12) — deram um toque de absurdo ao Natal de 2014. É tal
a proximidade entre uma e outra que a presidente chegou a consultar, sem
sucesso, a Procuradoria Geral da República para evitar repetições. Parece
anedota: “Em que lista você entrou?”. “Na da Dilma”. “Ufa!”.
Tem
mais. Depois de entregar a política econômica à direita, tendo feito uma
campanha classista, a nomeação de símbolos conservadores para outras pastas
sem, por enquanto, qualquer compensação à esquerda, somou o insulto à ofensa. A
presidente parece uma personagem de Kafka, condenada a cumprir papel que sabe
não ter sentido”.
Com o
megaescândalo da Petrobras, o intuitivo seria Dilma nomear um honrado
ministério técnico de alto nível. Além de ser compatível com o seu próprio
perfil, isso a blindaria contra qualquer possível denúncia. Porém, por mais
paradoxal que pareça, à medida que as revelações prosseguem, a presidente fica
refém da opção oposta.
Ocorre
que Dilma precisa munir-se agora da maior base congressual possível, pois
quando o navio começar a balançar, os mais fisiológicos irão rápido para a
oposição, tornando o palácio alvo de isolamento e a chantagem. Mas para montar
tal suporte, ela precisa recorrer exatamente àqueles que estão na mira da
Operação Lava a Jato. Afinal, simplesmente não há outras forças com as quais
possa se aliar”.
. Do jornalista e cientista político André Singer
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