Quais serão os principais atores da
cena política de Maringá em 2016? Ricardo Barros, com certeza, estará
acima do palco, com uma cruz de madeira numa das mãos, manipulando os fios de
quem ele escolher para encantar a serpente e arrancar aplausos (e votos) do
respeitável público.
E quem irá roubar a cena, fazer
com que os espectadores desviem sua atenção para o lado de fora do teatro?
Haverá alguém com tamanho potencial artístico? Olhando para o cenário que a
política local nos apresenta hoje, diria, sem medo de errar, que as opções são
diminutas. No máximo poderemos ter a referência ética de Humberto Henrique
contra o condomínio barroso , com o noviço rebelde Ulisses Maia correndo por
fora, mas ainda procurando a trilha da terceira via.
A polarização PT dos Verri x PP dos
Barro é certa, mas os atores ainda não foram definidos. No caso do primeiro,
certamente haverá bate-chapa numa
tradicional pré-convenção, com Henrique revivendo o papel de João Ivo
(2004), provavelmente contra Mário, irmão de Ênio, já que dificilmente o
deputado estará disposto ao sacrifício.
Digo sacrifício porque, quem quer que
seja o candidato do PT a prefeito de Maringá em 2016 enfrentará a barra da
repulsa coletiva que a sigla carrega nos dias atuais. Por conta desse
justificável temor, o “petismo igrejeiro” de Henrique deverá dobrar os joelhos e orar
muito pela recuperação econômica do país , única forma de uma campanha
majoritária ir para as ruas da cidade canção sem precisar esconder e,
eventualmente até excomungar, a estrela vermelha.
Do lado azul, ainda resta saber se
juridicamente Pupin não estará impedido de disputar, lembrando que a
discussão sobre o terceiro mandado consecutivo não cessou com a decisão
monocrática do ministro Marco Aurélio Mello(confirmada pelo plenário do
TSE em 2013).
O nome a representar o condomínio é o
de menos. Seja quem for, ele entrará na disputa com a vantagem que a máquina
proporciona e com a força política que o grupo acumulou nas eleições de 2014.
Se for Silvio, então, aí será mamão com açúcar. Isso pelo simples fato de que
o candidato petista ainda poderá estar carregando nos ombros o peso
da impopularidade da presidente Dilma Rousseff.
Por mais que se diga que eleição
municipal é outra história e que valerá mais o nome do cabeça de chapa do que
propriamente o do partido, não tem como dissociar uma coisa da outra. Por isso,
me atrevo antecipar o que estarão falando a Humberto Henrique os “pilatos”
de ocasião : “Quem pariu Mateus que o embale”.
Como figurantes do exército azul,
veremos uma pá de candidatos a vereador, todos com generosas cotas de
combustível , santinhos à vontade e a obrigação (quase servil) de se virar nos
30 para cabalar votos, mais para o majoritário de do que para as
próprias candidaturas.
No comando do marketing do “por uma
Maringá cada vez melhor” veremos o próprio RB que, sob a direção televisiva do
competente Júnior Jacques, colocará no ar produções verdadeiramente
cinematográficas. Nas ruas, será visível a presença do grande exército
azul de cabos eleitorais, entupindo caixinhas amarelas do correio com material
impresso de campanha.
Preparem-se para assistir a um festival
de propostas irrealizáveis e de tiros ao alvo vermelho, disparados por aliados
de quem, aqui no nosso quintal, é antiPT e em Curitiba é tucano de primeira
hora, mas no cenário nacional acende uma vela pra Deus e outra pro diabo.
Se você, amigo leitor, não estiver
entendendo certas nuances da metamorfose ambulante, invoque o espírito de Franz
Kafka ou vá ao terreiro mais próximo e tente incorporar Raul Seixas.
Ah, ia me esquecendo: quanto à terceira
via, Ulisses, que não é Inca, não é Asteca mas é Maia, pode repetir o feito
ricardista de 1988, aproveitando-se do tiroteio entre os dois grupos
rivais para alçar voo solo e surpreender nas urnas. Parece Impossível?
Não nesse cenário. Só rogo a Deus para que as urnas não produzam um novo
capo na política maringaense.
Comentários