“Quando suas decisões afetam não
apenas o réu e sua vítima, mas centenas, milhares de cidadãos, o promotor deve
acusar e o juiz, julgar, com a mente e o coração voltados para o que ocorrerá,
in consequentia”, escreveu o jornalista Mauro Santayana (Rede Brasil Atual)
para alertar que a Operação Lava Jato está parando o país.
Este é um lado da moeda que os
analistas pouco tem se dado conta. Realmente os problemas que afetaram a
Petrobrás tiveram consequências drásticas em toda a economia e as suspeitas que
recaíram sobre executivos das grandes empreiteiras forçaram a paralisação de
grandes projetos estruturantes, levando o desemprego e atrasando obras que são
vitais para a vida do país, como é o caso da Usina de Belo Monte, inconclusa
num momento em que o Brasil está tão carente de energia elétrica.
O mesmo ocorreu com a Refinaria Abreu
e Lima e com a transposição do Rio São Francisco, esta com consequências
danosas para os Estados que sofrem com o fenômeno da seca. Santayana sugere
como solução para problemas assim, a nomeação de interventores que pudessem
investigar irregularidades e fiscalizar, in loco, cada obra, sem o que os
burocratas de antanho chamariam de solução de continuidade.
“No contexto da Operação Lava Jato,
centenas de milhares de trabalhadores e milhares de empresas já estão perdendo
seus empregos e arriscando-se a ir à falência, porque o Ministério Público, no
lugar de separar o joio do trigo, com foco na punição dos corruptos e na
recuperação do dinheiro – e de estancar a extensão das consequências negativas
do assalto à Petrobras para o restante da população – age como se preferisse
maximizá-las, anunciando, ainda antes do término das investigações em curso, a
intenção de impor multas punitivas bilionárias às companhias envolvidas, da
ordem de dez vezes o prejuízo efetivamente comprovado”, diz o experiente e
conceituado analista político Mauro Santayana..
O que estaria ocorrendo na visão dele
é que “ juízes e o Ministério Público andam interferindo, de moto próprio, na
administração da União, ao tempo em que tentam substituir o Legislativo e o
Executivo”.
Dá mesmo o que pensar esta situação
em que vive o país. A corrupção precisa ser apurada e os envolvidos punidos com
o rigor da lei quando provas consistentes houverem, como rtem havido. Mas está
faltando economistas e planejadores mensurarem os prejuízos que as paralizações
provocam e que , como disse Santayana, o próprio Ministério Público e os
juízes, caso específico de Sérgio Moro, levem em conta as consequências das
investigações para a sociedade como um todo.
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