Por Bruno
Coga
Parte da
imprensa noticiou a proposta do governo do Paraná como um imenso avanço nas
negociações, querendo induzir a população que um tirano transformou-se em herói
do povo da noite para o dia. A princípio, muitos poderiam pensar que o massacre
do dia 29 de abril pesou na consciência de nosso pobre governador e que diante
disso ele resolveu oferecer 12% de reajuste ao funcionalismo público. Oh,
quanta generosidade, podem ter indagado muitos desinformados.
A verdade
é que a proposta do governo não melhorou em absolutamente nada. E se fossemos
analisar em números absolutos, talvez até tenha piorado. A forma como a
proposta foi apresentada pela mídia é simplesmente mentirosa! Ao invés dos
3,45% em três vezes que tanto propagandearam, Beto Richa oferece 0% em quatro
vezes (maio, junho, julho e agosto). E após esses quatro meses (que somados com
os 12 que já se passaram totalizam 16) o governo nos oferece 1,15%. Uma piada!
Além
disso, ao tentar mudar a data-base para janeiro, perdemos, no mínimo, sete
meses de correção inflacionária. E esta mudança também indica uma data de
recesso para iniciarmos nossas próximas negociações, o que certamente
representaria um enfraquecimento gigantesco em nosso poder de mobilização. O
que o governo quer com a mudança da data-base é prevenir que a rebelião e
insurgência de hoje nunca mais se repita contra eles.
Beto
Richa tentou apostar em uma “tacada de mestre” para por um ponto final nesta
questão. Porém, esta tacada não previa resolver os impasses criados com o
funcionalismo público, mas sim tentar reverter a opinião pública ao seu favor e
assim derrotar o movimento. O que Governo e companhia não podiam prever é que
esta provocação geraria ainda mais revolta nos grevistas; e com isso mais
disposição de luta; mais persistência em debater com outros trabalhadores e
mandê-los ao nosso lado da trincheira, contra o Governo Estadual.
Talvez
saiamos disso tudo ainda mais fortes. E o Governo, ainda mais encurralado.
Texto
de Bruno
Coga, servidor público da
Universidade Estadual de Maringá
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