Michel Temer passou a
ser o grande ídolo da elite brasileira e da classe média, que sempre se esforça
para estar próxima de quem a explora e nunca de quem com ela é explorado. A mídia,
principalmente a televisão, Rede Globo à frente, vive ressaltando os feitos do
presidente interino, ao mesmo tempo em que omite (só quando não dá mesmo para
fugir da notícia) o lado sombrio de Temer e sua equipe de ministros nada
probos. Omite também, ou trata com descaso, as propostas de desmonte do estado
social.
Há quem veja em Temer
um galã da novela das nove, embora eu não consiga dissociar a sua tez da tez de Cristopher Lee, o ator que celebrizou a figura do Conde Drácula no cinema. Parece que ambos foram
trocados na maternidade.
Mas isso não vem ao caso. O que vem ao caso agora é a falsa
delação premiada de João Santana, que os telejornais e os jornalões impressos destacaram,
como sendo uma bomba que ele soltou no quintal da presidente afastada Dilma
Rousseff.
Na verdade, o
marqueteiro não chegou a delatar Dilma, apenas abriu uma frestinha da caixa
preta, para falar o que todo mundo sabe: a quase totalidade das campanhas
eleitorais no Brasil se move com o oxigênio do caixa 2. “Se todos que já foram remunerados com caixa 2
no Brasil fossem tratados com o mesmo rigor que eu, era para estar aqui, atrás
de mim, uma fila de pessoas que chegaria a Brasília”, queixou-se Santana ao
juiz Sérgio Moro.
Santana disse taxativamente isso ao magistrado
maringaense, que virou celebridade mundial graças à Lava-Jato, que ele conduz
quase como justiceiro:
“Nos últimos
meses, eu vi destruídos, um trabalho e uma imagem pessoal que construí, com
muito esforço, ao longo de mais de 20 anos. Eu entendo porque isso aconteceu.
Primeiro porque escolhi uma profissão fascinante, mas cheia de riscos e
incompreensões. Segundo porque me transformei em um profissional de destaque
nacional e internacional. Terceiro porque meu trabalho esteve ligado, nos
últimos anos, a um grupo político que está hoje sob severo questionamento. O
que eu não entendo e não me conformo é com o fato de eu e minha mulher estarmos
sendo acusados, injustamente, de corrupção, formação de organização criminosa e
de lavagem de dinheiro. De estarmos sendo tratados como criminosos perigosos. E
de estarmos servindo, involuntariamente, aos interesses dos que sempre tentaram
ligar o marketing político a atividades obscuras e antiéticas”.
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