por Conceição Lemes (Blog Viomundo)
Na última quarta-feira (21/12), a
Petrobras fechou um acordo com a petroleira francesa Total estimado em US$ 2,2
bilhões.
Ele prevê a cessão à Total dos
direitos de exploração destas áreas do pré-sal: 22,5% do campo de Yara e 35% do
campo de Lapa, que começou a operar no dia anterior na Bacia de Santos.
O acordo envolve ainda
compartilhamento de terminal de regaseificação e transferência de fatias em
térmicas, entre outros negócios.
Para a imprensa francesa, a Total
fez um bom negócio com a Petrobras.
O Les Echoes (tradicional
diário francês de economia) destaca (o
negrito é nosso):
Esses campos “guardam reservas
gigantescas de petróleo e o valor pago foi interessante.
(…) as reservas do
grupo francês serão acrescidas de 1 bilhão de barris, a um custo estimado entre
US$ 1,75 e US$ 2,4 o barril. Nas reservas
adquiridas anteriormente pela companhia, o preço do barril custou US$ 2,55.
A Radio France
Internationale, também conhecida como RFI, em matéria
transmitida para o mundo inteiro na sexta-feira, 23 de dezembro , conclui:
“a Total pagou
pouco em relação ao que vai lucrar extraindo o petróleo brasileiro”.
A RFI é uma rádio pública
francesa, com sede em Paris.
O Viomundo conversou com João Antônio de Moraes,
diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), sobre essa repercussão.
Viomundo – O que achou da avaliação da imprensa francesa?
João Antonio de Moraes — Só confirma o que a FUP e os movimentos sociais
veem denunciando há bastante tempo. A gestão Pedro Parente-Michel Temer está
entregando nossas reservas de petróleo a preço vil.
Veja bem. É a imprensa francesa
assumindo que a França está levando grande vantagem em cima do Brasil ao se
apossar de nossas reservas de petróleo a um preço muito aquém do mercado
internacional.
Viomundo – O que significa esse acordo com Total?
João Antônio de Moraes – Perda de soberania energética. Ele fere a nossa
soberania energética, independentemente do preço.
E, mais uma vez, confirma que o
golpe, longe de ser para combater a corrupção, veio para entregar as riquezas
do nosso povo e liquidar os direitos trabalhistas. A questão energia também
estava no centro dos golpes contra Getúlio Vargas e João Goulart.
Viomundo – Explique melhor.
João Antônio de Moraes – Nos anos 50, houve uma tentativa de golpe contra o
presidente Getúlio Vargas. Foi logo após a criação da Petrobras.
Já João Goulart, depois de tomar
posse, havia dito que iria nacionalizar as refinarias de petróleo. Na
sequência, ele foi vítima de um golpe. E a exemplo desses dois golpes, o contra
a presidenta Dilma veio para entregar as nossas riquezas.
Viomundo – Supondo que o preço fosse justo, valeria a
pena vender esses ativos à Total?
João Antônio de Moares – Ainda assim seria ruim para o Brasil, pois o país
perderia controle sobre reservas extremamente estratégicas. As áreas sob o controle
da Petrobras garantem o abastecimento do Brasil. Já sob o controle da Total
garantem o abastecimento da França.
Viomundo – O que fazer?
João Antônio de Moraes — Mais do lamentar, a gente tem que lutar e resistir para
impedir que essa situação continue. E nisso os blogs da imprensa alternativa,
progressista, como o Viomundo, têm um papel importante em
divulgar o que a grande mídia esconde todos os dias.
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