. Por Leandro Fortes
A morte de Dona Marisa Letícia é
o triunfo físico da narrativa de ódio reinaugurada pela direita brasileira, a
partir da vitória eleitoral de Dilma Rousseff, em 2014, contra as forças
reacionárias capitaneadas pela candidatura de Aécio Neves, do PSDB.
Em sua insana odisseia pela
retomada do poder, ainda quando o TSE contabilizava os últimos votos das
eleições presidenciais, Aécio e sua turma de mascarados se agregaram, não sem
uma sinalização evidente, aos primeiros movimentos da Operação Lava Jato e com ela
partiram, sob os auspícios do juiz Sergio Moro, para a guerra de tudo ou nada
que se seguiu.
Foi esse conjunto de
circunstâncias, tocado pela moenda de antipetismo e ódio de classe azeitada
diuturnamente pela mídia, que minou a saúde de Dona Marisa, não sem antes
submetê-la ao tormento da perseguição, do constrangimento, da humilhação
pública, da invasão cruel e desumana de sua privacidade.
A perseguição ignóbil ao marido,
Luiz Inácio Lula da Silva, aliada à permanente divulgação de boatos sobre os
filhos, certamente contribuíram para que Dona Letícia, a discreta primeira-dama
nascida na luta e na construção dos Partidos dos Trabalhadores, tivesse a saúde
atingida.
Para atingir Lula, a quem não
tiveram coragem de prender, o esgoto da mídia e seus serviçais da política
envenenaram a nação com ódio, rancor e ressentimento, nem que para isso fosse
preciso atingir a vida de toda a família do ex-presidente.
Nem que para isso fosse preciso
levar à morte uma mulher digna, honesta e dedicada aos seus e ao País.
Não sem antes vazar as imagens de
sua tomografia cerebral, como um troféu grotesco de certo jornalismo abjeto
oferecido às hienas que dele se alimentam.
Todos sabemos os nomes, os
cargos, as redações e as togas de cada um dos responsáveis pela morte de Dona Marisa.
Na hora certa, daremos o troco.
Leandro Fortes é jornalista em Brasília, autor dos livros "Cayman: o dossiê do
medo" (2002, Editora Record), "Fragmentos da Grande Guerra"
(2004, Editora Record), "Jornalismo investigativo" (2005, Editora
Contexto), "O Brasil no contexto" (co-autor, 2007, Editora Contexto),
"Políticos ao entardecer" (co-autor, 2007, Editora Cultura) e
"Os segredos das redações" (2008, Editora Contexto). Pela Editora
Senac-DF, publicou os livros "Beirute - Aromas, Amores e Sabores"
(2004), "O Bistrô de Alice" (2005), "Gula D'África" (2007)
e “Louco por café” (2009).
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