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Acabar com o carrapato matando a vaca


Eis a lógica da reforma trabalhista com relação ao sindicalismo obreiro

Dos 7 mil existentes no país, 4 mil são sindicatos que não tem representatividade quase nenhuma e portanto , sequer negociam convenções coletivas. Isso é um fato concreto que demandaria um amplo debate entre os próprios trabalhadores em torno de um projeto amplo de reforma sindical.
O Brasil, claro, precisa de um sindicalismo independente. Já é passada a hora disso acontecer. Mas tal modelo teria que ser forjado no debate entre sindicatos obreiros , federações, confederações e centrais, e com aquilo que o saudoso Luiz Melodia chamaria de “auxilio luxuoso” de especialistas em Direito do Trabalho e em relações sociais, envolvendo empregados e patrões.
Ao invés disso o governo Temer decidiu dar uma paulada direta na cabeça do sindicalismo, tirando dos sindicatos a sua principal fonte de financiamento. O imposto sindical é o responsável pela proliferação dos chamados “sindicatos de carimbo”, mas é ao mesmo tempo também, responsável pelo surgimento e consolidação de sindicatos fortes , que atuam dignamente em favor das  categorias profissionais que representam.
O fim do imposto sindical inviabiliza a todos, os que merecem e os que não merecem subsistir com o nome de sindicato. O problema é que ao enfraquecer os legítimos representantes de grandes categorias profissionais, a reforma trabalhista mata a vaca com o pretexto de livrá-la dos carrapatos.  
O enfraquecimento do sindicalismo ocorre, contraditoriamente, num contexto muito desfavorável ao trabalhador. A reforma trabalhista tira direitos fundamentais  de quem está no mercado formal,  ao mesmo tempo em que mata a perspectiva de dias melhores para quem sobrevive na informalidade.
Doravante, nem todos os empregadores respeitarão jornadas de trabalho compatíveis com o limite físico de seus empregados, conforme o estabelecido pela CLT, que acaba de ser  assassinada a sangue frio pelo Congresso Nacional. Se o Estado lava suas mãos na questão da saúde mental e física do trabalhador sobrecarregado com o trabalho em jornadas estafantes, quem vai defende-lo senão o sindicato obreiro? E aí fica a pergunta: que sindicato teremos após a entrada em vigor da Reforma Trabalhista em novembro próximo?



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"Os conselheiros do Tribunal de Contas do Paraná julgaram improcedente a denúncia contra o ex-prefeito de Maringá, João Ivo Caleffi (PMDB), e o ex-presidente do Serviço Autárquico de Obras e Pavimentação, Valdécio de Souza Barbosa, oriunda da 2ª Vara Cível. Eles foram acusados de descontar contribuições dos servidores e não repassar de imediato à Caixa de Assistência, Aposentadoria e Pensão dos Servidores Municipais (Capsema) e o Ministério Público queria a devolução do dinheiro e multa. O TCE entendeu que não houve má-fé ou dolo na conduta da prefeitura e do Saop. Na justiça comum, o ex-prefeito também teve ganho de causa". . Do blog do Rigon PS: a representação contra o ex-prefeito e o então presidente do Saop foi feita junto ao Ministerio Publico pela diretoria da Capsema. E sabem por que? Porque em dezembro de 2004, a Prefeitura estava com o caixa vazio e o prefeito precisava pagar o funcionalismo, inclusive o 13º. Aí usou o dinheiro que deveria repassar para a Capsema