A falta de planejamento de longo prazo está na raiz dos problemas que os fenômenos
naturais produzem nas cidades brasileiras, Maringá inclusive.
naturais produzem nas cidades brasileiras, Maringá inclusive.
Em 1970 a população urbana do Brasil era de 50
milhões de pessoas. Hoje, 49 anos depois, chega a 150 milhões, um crescimento
absurdo de mais de 100%. O problema é que a migração do campo pra cidade ocorreu de forma desordenada.
Os gestores públicos das três esferas de poder nunca se preocuparam com este
fenômeno e foram deixando a coisas acontecerem ao Deus dará. O resultado são as
catástrofes que se registram periodicamente , principalmente nas capitais de
topografia acidentada, como é o caso do Rio de Janeiro. Mesmo nas cidades
planas, onde a impermeabilização do solo é total, alagamentos são uma constante.
Vamos então ficar no exemplo de Maringá, tida como
uma das cidades brasileiras mais bem planejadas e muito privilegiada
topograficamente. Aqui, quando chove muito, os alagamentos são inevitáveis em
determinadas regiões, como ocorre, por exemplo, em uma parte do Jardim São
Silvestre, onde as galerias de águas pluviais foram mal projetadas e o solo, como de resto em todo
o perímetro urbano, é totalmente impermeável.
Não me lembro direito em qual administração, mas
acho que foi na do PT, que iniciou-se em Maringá um processo de construção de
calçadas ecológicas. Mas foram tão poucas que tudo ficou como sempre esteve e o
problema agravado pela pouca importância que os próprios moradores deram à solução
tentada.
A situação do centro da cidade só não é mais grave,
porque teve um prefeito (Said Ferreira, justiça se faça), que realizou uma obra
estrutural de fundamental importância. Chama-se Túnel Liner, construído com
tecnologia ultra-moderna para coletar água da chuva de boa parte da região central e
levá-la para o Parque do Ingá. O túnel, com diâmetros de 2 metros começa no Novo Centro, passa por baixo da
Av.São Paulo e desemboca no lago. Quando estava sendo construído, a
população nem percebeu, porque o
trabalho de execução do complexo projeto se dava por baixo da terra a uma
profundidade média de 4 metros.
Quando o João Ivo Caleff era prefeito ele recebeu
uma comitiva de técnicos do Denit que veio vistoriar as obras da Super Via,
atual Av. Horácio Racanello. Eu estava na litorina que parou na boca do túnel.
Fiquei impressionado com o caráter futurista da obra, parecia coisa de filme de
ficção. Mas é graças ao Túnel Liner, que
o centro de Maringá não padece, ou padece muito pouco, com alagamentos.
Aproveito para registrar outro problema que acontece
no centro da cidade, exatamente por falta de planejamento de longo prazo.
Refiro-me às manilhas de barro, de diâmetros muito pequenos, que foram
colocadas na rede coletora de esgoto quando
da sua implantação pela administração Silvio Barros ( pai). Reconheça-se que foi
um passo importante para o saneamento básico de Maringá, porque a cidade era
dominada pelas tais fossas sépticas, um horror.
Mas é preciso reconhecer que a mão do tempo mostrou
quão equivocada era aquela tubulação, muito mal dimensionada na época. Hoje,
com a explosão da densidade demográfica no centro, por conta dos prédios
residenciais, a rede coletora de esgoto fica sobrecarregada, com isso
provocando mau cheiro terrível em tardes de inversão térmica. Esse é o preço
que a população paga pela falta de visão
de longo prazo dos administradores públicos. E vamos combinar, pela sua própria
falta de consciência nas escolhas que costuma fazer nas urnas.
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