O cantor, o bispo e os ratos

              . Por Edilson Pereira (jornalista em Curitiba)

 Solidariedade a Caetano Veloso que mais uma vez foi atacado. Agora por um religioso. Dom José Francisco Falcão, bispo católico que celebrou no dia 31 de março missa em comemoração ao golpe militar. O absurdo já começa por aí. Uma celebração religiosa por algo que vitimou milhares de pessoas e produziu violência, tortura e censura contra as quais a CNBB lutou. O bispo disse que tinha vontade de "dar veneno de rato" para "aquele imbecil" do cantor baiano, que nos anos 70 disse que era proibido proibir. É por essa e por outras que o Brasil despenca a ladeira. Primeiro que é um absurdo um religioso de alta hierarquia da igreja falar em matar alguém por motivo político ou qualquer outro, quando deveria estar preocupado em pacificar o ambiente que já anda conturbado. Imagine se alguém que ouviu esta "preleção" resolva dar uma mãozinha pro bispo e se encarrega de colocar veneno de rato num alimento do cantor baiano? É muito mais simples e barato que derrubar aviões com ministro do STF ou com candidato a presidente da república. E as duas coisas já aconteceram. E, depois, são atitudes como esta que revelam o enorme fosso de setores da igreja católica com o resto da população e com o próprio destino do país, o que explica em parte a fuga dos fieis de seus templos e o exôdo maciço para seitas neo-pentecostais. Caetano anunciou que vai processar o bispo. É o mínimo que se pode fazer neste caso. A igreja católica deveria punir este sujeito. Não é só com pedofilia que a igreja católica acumula erros e desvios de seus propósitos originais. Fica uma pequena dúvida: será que o bispo já usou veneno de rato para eliminar outras pessoas? Como sabe da eficiência em seres humanos? Afinal, pela idade (54 anos) ele deve estar falando de algo de que teve experiência anterior, caso contrário seria leviandade. Não iria falar sobre isso sem saber se funciona ou não. Ou será que a convivência com ratos o remeteu a esta solução criminosa? Muitas perguntas. E nenhuma resposta. Seria útil que a Justiça cobrasse estas respostas.