Josias de Souza no portal UOL:
“A mais nova obsessão de Jair
Bolsonaro se chama Cristina Kirchner. Nos últimos dias, o capitão derrama
baldes de saliva num esforço para ensinar os eleitores da Argentina a votar
direito. Explica que é melhor ter paciência com o presidente liberal Mauricio
Macri e seus desacertos do que devolver a antecessora esquerdista ao poder nas
eleições marcadas para o próximo mês de outubro. A volta de Cristina à
Presidência transformaria a Argentina numa nova Venezuela, ensina Bolsonaro ao
eleitorado portenho. O presidente brasileiro faria um bem inestimável a si
mesmo se começasse a olhar para o quintal do vizinho com olhos de aluno, não de
professor. Convém observar o que há de concreto —a administração de Macri— não
o que é apenas hipotético —a volta de Cristina.
A Presidência de Macri não é um bom
exemplo para Bolsonaro. Mas tornou-se um fantástico aviso. Os dois têm muito em
comum. Assim como Bolsonaro, Macri chegou à Presidência surfando a raiva da
maioria do eleitorado com a velha política e o esquerdismo sem resultados.
Assim como o capitão, Macri encostou sua administração na figura do presidente
americano Donald Trump. A esperança de prosperidade embutida no discurso
liberal de Macri em decepção. Nada levanta mais os percentuais de Cristina
Kirchner nas pesquisas do que a queda dos indicadores econômicos. As reformas
prometidas por Macri viraram suco. Seu discurso liberal virou pó. Em desespero,
já recorreu até ao congelamento de preços contra a inflação. Em quatro meses de
governo, Bolsonaro produziu apenas polêmicas. A falta de resultados já se
reflete nas pesquisas. Ou seja: Bolsonaro deveria extrair ensinamentos da
Argentina, não dar lições ao vizinho”.
Comentários