Muita gente é tecnicamente alfabetizada, sabe ler e
escrever. Boa parte tem diploma de
graduação e existem até aquelas pessoas que exercem profissões relevantes, em
áreas técnicas, que exigem interpretações de números, de gráficos e de normas,
inclusive da ABNT. Porém, podem perfeitamente ser incluídas no rol do
analfabetismo funcional, cujos índices são preocupantes, pelo que mostram
pesquisas do IBGE, Pnad e Ipea.
O conceito tradicional resume o analfabetismo
funcional na “ incapacidade de compreender textos e operações matemáticas
simples e de organizar as próprias ideias para se expressar”. Mas vai além,
pegando, por exemplo, as pessoas que, em não conseguindo fazer razoavelmente
uma leitura da realidade que a cercam, acabam facilmente cooptadas por ideias
absurdas , comportamentos anti-republicanos e, invariavelmente anti éticos. Os
resultados das eleições de 2018 são exemplos muito claros desse quadro
alarmante. Essa tragédia nacional é explicitada principalmente nas redes
sociais, onde a irracionalidade e a burrice sempre pedem passagem.
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Ou, para muitos, ex-transportadores, porque já não conseguem, senão depois de muito tempo, contratos para encherem seus caminhões e sairem para as estradas.
João Batista Rodrigues Alves, 47, de Fortaleza, no Ceará, conta que passou 14 dias na beira de uma estrada, em Belém, no Pará, quando aderiu ao protesto. Agora, porém, para por não ter que o fazer.
Na segunda-feira (6), completava o quarto dia sem encontrar trabalho no Terminal de Cargas de São Paulo. Antes do serviço que o levou à capital paulista, ficara 18 dias em casa à espera de um frete.
Pelo trajeto de Fortaleza para São Paulo, recebeu R$ 9.300 —R$ 2.700 menos do que ganhou da última vez.
Outro motorista, gaúcho, diz que “ndiantam tabela do frete ou diesel barato”, porque “está tudo parado, não tem serviço, não tem carga para todo mundo. Precisa melhorar o país como um todo. É saindo da crise, voltando a produzir mais e a vender mais que vai ter carga para a gente transportar”.
Com a queda da produção e do consumo, a oferta de frete fica sobrando, não há tabela que resista. E com ganho cada vez menor, porque o preço do diesel – média nacional – alcançou R$ 3,664 na última medição da ANP voltando a ficar perto dos R$ 3,82 que fizeram explodir a paralisação das estradas no ano passado.
Mas há dois outros fatores.
O número de novos caminhões emplacados – e por empresas, não por caminhoneiros autônomos, decolou: 46,7% a mais, a mauior parte pertencentes a empresas que pretendem eliminar os riscos de prejuízo como os que sofreram com o movimento.
Pela mesma razão, cresceu o transporte por navegação de cabotagem, que oferece menos riscos por sua estrutura empresarial.
O quadro é desesperador para profissionais que, em grande maioria, caíram no colo da demagogia bolsonarista.
Fizeram “arminha”, ganharam o direito de andar com uma pistola .40, só não ganharam o direito de sustentar suas famílias.