Um dos crimes que se comete contra os
trabalhadores nessa PEC de reforma da previdência que o Senado aprovou ontem é o
nivelamento, por cima, do tempo de contribuição para todas as profissões. E as
contas, feitas tanto pelo o governo quanto pelos os apoiadores da PEC, são
sempre em cima do impacto fiscal no déficit público, pouco importando se quem labora em
atividades insalubres e de alta taxa de risco à vida, terá que contribuir por
40 anos (e não 25 como é hoje) .
O senador gaúcho Paulo Paim (PT-RS), um dos mais notáveis defensores da
dignidade no trabalho, conseguiu sensibilizar um pouco os seus pares, ao
defender em discurso emocionado um destaque que protege os vigilantes. Na
esteira dessa fala, veio a possibilidade de outros destaques, como o que
protege trabalhadores de minas subterrâneas, que quando chegam aos 40 anos de
vida já estão só o pó da gaita, mas que pela proposta do governo, terão que trabalhar até os 65. A maioria não
precisará fazer isso porque certamente irá morrer antes.
Enfim, o que é prioritário na reforma
da previdência é salvar as finanças publicas, como se elas estivessem
colapsadas por culpa do trabalhador, que deixa sangue , suor e lágrimas em
atividades braçais, com riscos sempre iminentes à sua saúde e à própria vida.
O que deixa a gente perplexa e
indignada é a maneira fria como os analistas da reforma na mídia tradicional
tratam a questão. Agora de manhã, ouvi o tal de Gerson Camaroti demonstrar
estar tendo orgasmo diante dos microfones da CBN com o resultado da votação no
Senado e sua torcida para que o destaque de Paulo Paim seja rejeitado na sessão
de hoje. É um bando de urubus .
Mas calma que pode ter mais
perversidade: depois de sancionada a PEC a ser aprovada hoje, virão PECs paralelas
para piorar ainda mais a situação. Senão Propostas de Emendas Constitucionais,
com certeza Projetos de Lei, que trarão da volta a discussão, por exemplo, da
implantação no Brasil do regime de capitalização. Basta ver a tragédia que esse
sistema produz hoje no Chile conflagrado, que o “Chicago Boy” Paulo Guedes recomenda como exemplo a ser
seguido.
Comentários
O neoliberalismo é uma ilusão simplória e nefasta. Já quebrou a Argentina duas vezes. Mauricio Macri chegou ao poder para liquidar o populismo gastador dos Kirchner. Liquidou o país. O Chile é a menina dos olhos dos neoliberais, que perdoam as atrocidades da ditadura do horrendo Augusto Pinochet por seus supostos avanços econômicos. A pátria de Pablo Neruda está novamente sob patrulha do exército para conter a fúria das massas. Motivo: ninguém suporta mais as desigualdades sociais alimentadas por décadas. Um país não é uma casa de família na qual só se deve gastar o que se arrecada. Tampouco deve ser cada um por si num Estado mínimo. O Chile em chamas tem toque de recolher e 15 mortos.
O ministro Paulo Guedes quer importar o modelo chileno para o Brasil. O jornal Folha de S. Paulo resumiu o caos instalado no Chile desta maneira direta e clara: “O descontentamento da sociedade com o sistema previdenciário chileno, administrado por empresas privadas, o custo da saúde, o deficiente sistema público de educação e os baixos salários em relação ao custo de vida acabou emergindo junto com os protestos sobre o preço do metrô”. O sistema de aposentadoria por capitalização resultou em idosos ganhando menos do que o salário mínimo e em altas taxas de suicídio entre os mais velhos. Tudo para que o setor financeiro faturasse muito.
O ciclo neoliberal parece esgotado. Deixa um rastro de miséria atrás de si. A desigualdade, como sempre, assombra a América Latina. O Equador explodiu. O presidente equatoriano teve de recuar no aumento dos combustíveis decretado para agradar ao FMI. O chileno deu para trás no aumento das passagens de metrô. Quando as massas rugem os neoliberais mandam as forças armadas às ruas e depois recuam para salvar os móveis dos palácios. Se a ditadura concentrada de Maduro na Venezuela desandou, as “ditaduras” difusas do rentismo nos países neoliberais, com o Chile na vanguarda, afundam também. A utopia chilena só tinha três problemas: educação, saúde e aposentadorias. As três juntas são chamadas de exclusão, mas aceitam o apelido de espoliação desenfreada e cínica.
O jornal francês Le Monde mostrou que o “oásis da região” era, na verdade, nas palavras do próprio presidente Sebastian Piñera, uma “bomba-relógio”, uma “panela de pressão” prestes a explodir. Era o oásis do sistema financeiro. Santiago, a bela capital chilena, foi tomada por barricadas. O desespero não pode ser medido pelo PIB. O “paraíso” neoliberal chileno foi construído sobre cadáveres, torturados e desaparecidos do regime de Pinochet, um dos mais bárbaros num continente acostumado à barbárie. Outro jornal francês, Libération, descreveu Santiago do Chile como uma “cidade muito poluída e engarrafada”. O cartão-postal era cheio de imperfeições. Por trás do cenário cantado em prosa e verso, a morte.
Portugal, governado pela esquerda, para onde parte da direita brasileira foge, desafiou o neoliberalismo da União Europeia e está de vento em popa. A Bolívia, do reeleito Evo Morales, é o país que mais cresce na América Latina. Gás e petróleo foram nacionalizados. Segundo a BBC, “as multinacionais tiveram que renegociar os contratos com a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos para continuarem operando no país e passaram a pagar mais para explorar jazidas”.
Que atraso! Bom era o Chile.
VAMOS A LUTA CONTRA ESSA GENTE RICA INIMIGOS DO TRABALHADOR BRASILEIRO!
O urubu atende por bolçodória.
Seu comandante é a globo.
O chefe do chefe não reside aqui.
E nós estamos todos mortos e sem aposentadoria.
Alugamos o Brasil e ninguém vai pagar o nosso mingau.
A imprensa brasileira sempre foi covarde, principalmente a Globo e a Globo News, dá nojo.
A aposentadoria será inatingível para muitos, que ficarão sem renda, currículos com 50, 55 e 60 anos vão para o lixo, 40 anos de carteira assinada é quase impossível, e o dinheiro do pobre irá financiar empresários exploradores a perder de vista e com juros irrisórios.
Comecei a trabalhar com 16 anos registrado até hj resumo vou ter que contribuir com 49 anos para se aposentar...com a idade mínima 65 Praticamente trabalhar meio século para aposentar...isso não é trabalho escravo???
A campanha que a grande mídia está fazendo a favor da “reforma da previdência” chega a ser vergonhosa, incorporando e divulgado o discurso das grandes corporações, principalmente, das ligadas ao mercado financeiro.
Uma pergunta preliminar: se esta reforma beneficia o povo trabalhador, por que os patrões e grandes empresários estão totalmente a favor e os sindicatos e entidades ligadas aos trabalhadores estão radicalmente contra a reforma ???
Na verdade, os trabalhadores não são defendidos. Muito pelo contrário, são esquecidos e desprezados por esta imprensa hipócrita e classista.
Talvez muito se deva a que, na maioria das grandes empresas de comunicação, os jornalistas não são considerados trabalhadores, pois são “obrigados” a se transformarem em pessoas jurídicas, que apenas prestam serviços a estas empresas de comunicação. É uma burla à legislação trabalhista e um grande prejuízo à previdência social !!!
Tudo isto é do conhecimento das autoridades públicas, mas ninguém faz nada … Pura hipocrisia.
Com um povo com pouca instrução e sem informação crítica, como o nosso, o poder econômico “deita e rola”, formando, na opinião pública, a sua ideologia, a ideologia da classe dominante.
Mais grave do que distorcer os fatos relevante é escondê-los. A ocultação dos fatos não é percebida sequer pelo público mais atento e crítico. Isto é comum em nosso noticiário e só é descoberto por quem se socorre da mídia alternativa.
Importa salientar que estes jornalistas só convidam professores, previamente escolhidos, com o escopo de ratificar os seus comentários tendenciosos. Professores que querem se mostrar simpáticos à emissora …
Ademais, nos dias de hoje, a classe empresarial ganha grande ajuda e apoio das igreja evangélicas.
Desta forma, enquanto não se cria um instrumento legal e eficaz para regular a ética da imprensa, através de um organismo independente e plural, com total representação da sociedade civil, resta denunciar este descalabro e apoiar concretamente a imprensa alternativa.
Somente esta mídia alternativa, através da internet, mostra o que a grande imprensa oculta e critica os desmandos dos sistema econômico, sem o cinismo da falsa imparcialidade.
Não há imparcialidade quando, diante de um acontecimento absolutamente injusto e iníquo, a imprensa se limita a veiculá-lo e divulgá-lo, passando a ideia de que ele é meritório.
Estar do lado do mais fraco é eticamente desejável e busca o necessário equilíbrio nas relações sociais. Dar voz a quem não tem é democrático. Ficar do lado da justiça social e não de quem vive do trabalho alheio é ficar do lado da justiça e da maioria da população.
Quando os efeitos do congelamento dos gastos em saúde e educação, da reforma trabalhista e da reforma da previdência atingirem o seu auge, o povo não terá mais nada a perder. Nessa hora, os extremos vão se encontrar. Os que apoiaram bolsonaro por ignorância vão perceber o que aconteceu. E vão partir para a briga. Cabeças vão rolar. De tudo quanto é lado. Salve-se quem puder. Isso que está acontecendo nos países vizinhos será fichinha perto do que vai acontecer no Brasil.