O que se discute hoje é se
Cid Gomes foi louco, corajoso ou audacioso ao enfrentar um pelotão sublevado (e
bem armado) da PM com uma retroescavadeira.
Se foi coragem, mostrou
que é do saco roxo; se foi loucura, exibiu total irresponsabilidade e se foi
audacioso, mostrou tudo isso junto e misturado. O fato concreto é que o
episódio é emblemático e deve servir de ponto de partida para a esquerda sair da zona de conforto e enfrentar o fascismo com todas as suas forças.
É preciso avaliar. O PT,
mais do que nenhum outro partido de esquerda tem o dever de se solidarizar com
Cid, porque é evidente que o milicianismo-bolsonarista está sendo usado,
justamente nos estados administrados pelo Partido dos Trabalhadores para
fomentar a violência institucionalizada que venha a justificar a necessidade de um endurecimento . O golpe
na democracia parece estar sendo preparado de várias formas. A militarização do
governo é uma delas e o estímulo à sublevação de policiais militares , a
partir de um estado politicamente dominado por adversários ferrenhos de
Bolsonaro, é outra. Só não ver quem não quer.
Por tudo o que aconteceu
no Ceará esta semana e também pelo que
vem acontecendo na Bahia desde a morte do miliciano Adriano Magalhães da
Nóbrega, é lícito concluir que Bolsonaro
articula por vias transversas e ameaçadoras da paz social, um golpe de
estado. Estranha neste momento a passividade da esquerda e o silêncio
obsequioso da mídia corporativa, além da timidez do Poder Judiciário, que só tem
se manifestado por meio de falas isoladas de ministros do STF.
O fato concreto é que as
instituições brasileiras estão parecendo aquele sapo cururu, que relaxa numa panela
sobre o fogo, onde a água fria vai
mornando e convidando para uma soneca. Quando a água começa a esquentar e se
aproximar do ponto de fervura, aí o sapo não tem mais força para pular fora.
Comentários
Essa é a realidade.
"Fascismo não se combate com flores " Ciro Gomes
Cada qual faça a sua reflexão sobre o assunto porque a minha já está formada.
As federações empresariais (aquele time dos patos amarelos), os meios de comunicação hegemônicos (que agora apresentam-se como estupefatos) foram os primeiros a embarcar e estimular a onda ultraconservadora.
Estimuladores do ódio, investiram pesadamente com sua estrutura, influência e milhões de reais, responsáveis por “coesionar” a direita tradicional e parte do “centrão”.
Com os atores coesionados em torno do projeto antipopular, a estrutura e os milhões de reais migraram para operacionalizar a gestão do ódio, canalizados ao cidadão comum, sob maciço torpedeamento de fake news, responsáveis por produzir o fenômeno eleitoral Jair Bolsonaro
Tudo isto com ligações intrínsecas com o ultraconservadorismo e os interesses econômicos norte-americanos.
O sistema jurídico brasileiro foi cúmplice e fiador de todo esse processo, as instâncias superiores foram omissas em relação às violações de direitos, quebraram o decoro e violaram a jurisprudência.
Ministros da Suprema Corte não honraram a liturgia do cargo – por isso não condenam o presidente por também não honrar, mesmo que os ataque – e permitiram que um grupo fascista fundasse a chamada “República de Curitiba”, cujo maior expoente e violador das leis, normas e condutas, juiz Sergio Moro, foi agraciado com o cargo de ministro da Justiça pelos serviços prestados.
A “República de Curitiba”, elevada à santidade combativa da corrupção, ocupou as manchetes dos jornais e o noticiário televisivo.
Sergio Moro e Deltan Dallagnol direcionavam diariamente e nominalmente o alvo a ser defenestrado, a rede de fake news responsabilizava-se pelo restante.
Os alvos iniciais eram políticos tradicionais, especialmente da esquerda.
A história se encarregou de nos mostrar que o alvo na verdade sempre foram o Estado Democrático de Direito e as liberdades individuais.
Os ricos do país pouco se importam com o regime, democracia ou fascismo, vale até presidente miliciano, desde que leve a cabo as reformas ultraliberais que permitam ampliar seus níveis de acumulação de riquezas.
O gatilho da pistola foi puxado há muito tempo, Bolsonaro “institucionalizou” a milícia.
De uma forma um tanto quanto atabalhoada, Cid Gomes fez algo que era urgente ter sido feito antes que os fascistas assumissem o poder: acabar com esse poder paralelo , formado por grupos de policiais militares (milícias) aliados ao narcotráfico, alinhados com a linha-dura do exército. Mas agora não será tarde demais?, os movimentos grevistas dss PMs em mais de 10 estados brasileiros, sob o comando de bolsonaristas, parece ser um pretexto para algo com que esses fascistas sonham: a decretação de um estado de sítio, perseguição contra a esquerda e minorias, execuçóes, agora que investigações sobre milícias e a execução de Marielle se aproximam do pai e dos filhos. A reação iniciou com Cid Gomes, esperamos que ainda haja tempo para reestabelecer o Estado de Direito, destruindo o poder paralelo das milícias que estão no poder no Brasil.
Essa conclusão produz temor em cada um de nós, pois nos chama à radicalidade do auto-sacrifício, abandonando a apatia acovardada daqueles que, vitimados pelo espírito da época, estancam nos limites tacanhos de um individualismo hedonistas, frágil, frouxo, que busca bem-estar e segurança não importando o que seja demandado pelos ventos de mudança.
Essa conclusão radical se impôs a Cid Gomes que, em um gesto de coragem extrema, estranha aos nossos hábitos de parcimônia servil, assumiu a responsabilidade de confrontar o mal em sua faceta mais autoritária e covarde.
Cid Gomes escolheu o sacrifício de si à apatia, jogando as expectativas, de todos, no chão. À esquerda e à direita surge perplexidade diante de seu gesto: Loucura? Imprudência?
Não. O gesto de Cid Gomes pertence ao espaço em que habitam os grandes homens. Gesto de tempos outros, em que a nobreza não se fazia exceção, entre os homens. Cid, no exato momento de sua escolha, tomou para si as rédeas do destino, como o fizera Getúlio, e, assim como este, optou pela grandeza do auto-sacrifício contra o avanço do mal, acostumado a se impor diante de olhos fatigados de ver vencer a iniquidade.
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Os Ferreira Gomes, há anos, vem ensinando ao país o valor do sacrifício, carregando, quase que sozinhos, o fardo de pôr o dedo em riste contra facínoras.
Hoje Cid quase perdeu a vida, e com seu gesto entra para a história, nos exibindo o fato inescapável: sem o sacrificio de cada um de nós, sem a aceitação do fardo do exemplo, o mal que se impôs ao Brasil não recuará. Celebremos esse grande homem.
VIVA CID GOMES, HERÓI BRASILEIRO!!!!