"Ensaio Sobre a Cegueira”, foi o livro que
praticamente garantiu o Nobel de Literatura para o escritor português José
Saramago (1922-2010). Publicado em
1965, parece que ele escreveu pensando no Brasil da era bolsonarista. O escritor faz uma relação da perda de visão
com a falta de visão das pessoas. O
exemplo mais marcante que Saramago nos dá é o de um motorista parado em um
semáforo, que de repente não consegue mais enxergar, seus olhos são tomados por
uma nuvem branca. O oftalmologista que o consulta, não consegue entender o que
se passa, pois todos os exames não indicam nenhuma anormalidade que ele pudesse considerar como causa. Os
olhos do motorista estão saudáveis, o que deixa o médico ainda mais confuso.
A reflexão a ser feita a partir desse fato, é o de que o paciente não cegou, transformou-se num cego que vê e que vendo, não enxerga. Se você conversar
com um bolsonarista sobre os descaminhos que o governo do “mito” vem tomando,
ele vai reagir com ódio da sua posição , ainda que as evidências estejam tão
claras quanto água da bica. Mas a cegueira dos que vêem sem ver, se agravou
muito nos últimos dias com a tragédia da pandemia do coronavírus. A narrativa e
ações do presidente são desastradas e expõem, a cada aparição pública, a sua total falta de capacidade para exercer o
cargo que ocupa pelo voto popular. E aí está a tragédia, que o Covid 19 agrava de forma
dramática.
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