O tema é
complexo e por isso não me meto a entrar
nesse debate. Mas por curiosidade, pesquiso para tentar entender um pouco a origem dos
ataques que vem sofrendo o Papa Francisco. O pontífice é chamado de uma das
bestas do apocalipse em vídeos que viralizam na internet, compartilhados principalmente por evangélicos neopentecostais,
que se acham detentores do monopólio de Deus.
Compreender
a motivação disso é missão para teólogos e filósofos, mas por enquanto ouso resumir : a origem dessa campanha difamatória
vem do próprio clero conservador norte-americano, que aqui no Brasil encontra respaldo de instituições religiosas de
ultra-direita , algumas quase falidas mas ainda ativas, como a TFP.
Francisco
atrai a ira dos conservadores exatamente por conta das suas posições
revolucionárias, de defesa intransigente dos fracos e oprimidos, o que aliás é essência
do cristianismo. E acreditem: por trás
dessa estratégia de demonização do santo padre está ninguém menos de Steve Bannon, o bruxo americano que ajudou a
transformar o mega-empresário Donald
Trump em presidente dos Estados Unidos e o medíocre deputado federal Jair Bolsonaro em presidente do Brasil. Isso
explica, por exemplo, a guerra santa que picaretas da fé como Edir Macedo e
Silas Malafaia vêm tentando fomentar em nosso país.
Comentários
Digo falsa, pois manifeste sua religião (que não seja de alguma vertente cristã) e depois veja comentários e atitudes, é de se esperar muito preconceito, dó e a seguir proselitismo.
Ninguém taca pedra na cabeça de criança de outra religião por ser tolerante. Ninguém ataca templos de outras religiões por serem tolerantes. Ninguém desconsidera religião de outro por ser tolerante.
O que acontece aqui no Brasil, é um grande movimento de conversão forçada ao cristianismo (mais especificamente evangélico) através de leis moralistas.
Estado laico é um Estado que usa evidências, estudos sociais, conhecimento empírico científico para governar e não crença religiosa. Um Estado sem leis embasadas em religião, escolas sem viés religioso, é um Estado laico. Laicidade não é ateísmo, até porque não favorece ateísmo, pelo contrário, não favorece ninguém, pois este é o conceito de Estado laico moderno.
Em nossos tempos deveríamos ter um país que aceitasse outras crenças, ideias, debates e interações entre povos diferentes, mas estamos no caminho contrário, um caminho de repressão em que só se salva quem for religioso de alguma vertente cristã.
* 1 E agora vocês, ricos: comecem a chorar e gritar por causa das desgraças que estão para cair sobre vocês. 2 Suas riquezas estão podres, suas roupas foram roídas pela traça; 3 o ouro e a prata de vocês estão enferrujados; e a ferrugem deles será testemunha contra vocês, e como fogo lhes devorará a carne. Vocês amontoaram tesouros para o fim dos tempos. 4 Vejam o salário dos trabalhadores que fizeram a colheita nos campos de vocês: retido por vocês, esse salário clama, e os protestos dos cortadores chegaram aos ouvidos do Senhor dos exércitos. 5 Vocês tiveram na terra uma vida de conforto e luxo; vocês estão ficando gordos para o dia da matança! 6 Vocês condenaram e mataram o justo, e ele não conseguiu defender-se.
Quando faz a leitura da Bíblia como os "irmãos" sugerem. Pode-se encontrar muitas inconsistências do pregado e escrito.
Hoje, em seu briefing na Casa Branca, o presidente norte-americano disse que a situação no Brasil está se agravando e perguntou ao governador da Flórida, Ron DeSantis, se precisava “cortar o Brasil”, referindo-se aos poucos voos entre Rio e Miami:
“O Brasil tem um surto sério, como vocês sabem. Eles também foram em outra direção que outros países da América do Sul, se você olhar os dados, vai ver o que aconteceu infelizmente com o Brasil”
É óbvio que os Estados Unidos, com seus olhos bem abertos sobre o que se passa aqui, sabem que o cenário está evoluindo para – apesar das negativas das autoridades públicas – uma imensa desgraça, maior do que aquelas que não emocionam nem dão sentido de urgência ao Presidente, dedicado a treinar tiro ao alvo, nem aos gaguejantes neodirigentes do que deveria ser o Ministério da Saúde.
Afinal, quem está falando é o presidente de um país com mais de um milhão de casos e quase 60 mil mortes. Para ele achar que estamos indo mal é para entendermos que não temos pouca coisa pela frente.
Não, eles não são imbecis. Nem incompetentes.
Eles são criminosos, frios e indiferentes, cúmplices e promotores da morte e do sofrimento humano.
“E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”, disse o presidente da República sobre os mais de 5 mil de seus concidadãos já mortos e aos mais de 70 mil infectados.
Berra ser cristão, mas é Pilatos.
Os três patetas postos à frente do Ministério da Saúde, numa “entrevista” sem perguntas, burocrática, pareciam cuidar de ser, como disse – na expressão feliz de Monica Waldwogel na Globonews – chefes de almoxarifado que sequer conseguem dizer o quanto de equipamentos teriam despachado, de forma vaga e imprecisa.
Nenhum deles – e destaco especialmente o cidadão da equipe de Mandetta que retirou o colete do SUS e gostosamente aderiu aos novos chefes – foi capaz de falar uma palavra sobre a necessidade de que a população se isole e se proteja.
Qualquer babaca, não precisava ser um dirigente da saúde, poderia estar ali para dizer que as pessoas lavassem as mãos.
Ele, como o general que não se preocupa com as baixas pesadas entre seu povo e um oncologista que não confronta o tumor cerebral que acomete o país e faz sua metástase sobre milhares e milhares de corpos não devem merecer piedade ou concessões.
Vestiram o uniforme nazista em fidelidade a seu Führer e não se importam em transformar o território nacional num campo de extermínio.
Era preciso parar já as grandes e médias cidades, para tentar reduzir a apenas dezenas de milhares o que serão centenas milhares de mortes.
Não temos os recursos para tratar, como têm os Estados Unidos, para tratar o milhão de contaminados que há por lá e, ainda assim, eles já têm 60 mil mortos.
Jair Bolsonaro e seus cúmplices – este é o nome – no Ministério da Saúde devem ser vistos como o que são, nesta batalha que travamos, quase indefesos, tento apenas a toca, a trincheira de nossas casas para resistir.
São, e deverão ser quando pudermos nos levantar, tratados como os criminosos de guerra que são.