Zé Paulo de
Andrade , falecido hoje aos 78 anos , foi durante décadas, uma das principais
referências do rádio brasileiro. Crítico, bem informado e sobretudo corajoso,
substitiu com sobra o grande Vicente Leporace no comando do lendário Trabuco,
programa da Rádio Bandeirantes que ele, junto com Salomão Esper, transformou em
“Bandeirantes Gente”. Criou e comandou também o “Pulo do Gato”, outro noticioso
crítico que tornou-se audiência obrigatória em São Paulo e no resto do Brasil.
Lembro da
reação de Zé Paulo a uma resposta grosseira e malcriada que o presidenciável
Orestes Quércia deu a uma pergunta que ele fez em um dos debates que a Band
levou ao ar nas eleições de 1994. Quércia, notório corrupto, insinuou que Zé Paulo
seria pilantra, argumentando “que há muitos jornalistas canalhas e pilantras na
imprensa brasileira, que se acham os donos da verdade”. O radialista, que era também bacharel em
Direito, não se intimidou: “ Concordo com o senhor, mas registro que há muito
mais políticos pilantras e canalhas na cena brasileira do que jornalistas”.
Quércia sumiu do debate a partir daquele momento. Os votos dele também acabaram
sumindo das urnas, não por causa desse episódio, mas também por causa dele,
porque Zé Paulo acabou cravando na testa do ex-governador de São Paulo, o
carimbo de desonesto.
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