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Uma dolorida reflexão domingueira

  Há quase   dois anos   o filósofo Marcos Nobre previu que chegaríamos a fevereiro de 2021 com o Brasil dando mais um passo atrás. Na época, ele chamou isso de “uma profunda inflexão na institucionalidade democrática”,   promovida   por Jair Bolsonaro e com anuência das próprias instituições. Desgraçadamente esse desastre começou a se materializar com as “eleições$” de Arthur Lira, para a presidência da Câmara e Rodrigo Pacheco, no Senado. Com os dois fatos, o Centrão toma conta do parlamento e a oposição, acuada pela sua própria falta de articulação política, só assiste ao Bozo passar a boiada.   O resultado prático da tragédia é a convalidação de uma pauta (sacana e hipócrita) de costumes e a abertura de espaço para que o governo entregue de vez à iniciativa privada, inclusive ao capital internacional, estatais importantes para a nossa soberania. Some-se a isso o afrouxamento cada vez maior da fiscalização dos biomas   e a aceleração na retirada de direitos, iniciada pelo vampiro

Nassif fala do Reinaldo pós-Caminho de Damasco

  Luis Nassif elogia o artigo de Reinaldo Azevedo no portal UOL sobre o fim da Lava-Jato, mas sem deixar de lembrar a postura do brilhante jornalista durante o processo de impeachment e no início da operação comandada por Sérgio Moro. É importante que não esqueçamos o passado das pessoas, mas louvemos o seu presente, ainda que para chegar ao que é hoje, tenha trilhando o Caminho de Damasco para se converter ao legalismo. Leio Reinaldo com os olhos de Nassif, mas celebro a nova postura do   escriba que se tornou capaz de produzir parágrafos tão densos e tão necessários quanto este:   “ A Lava Jato de Curitiba acabou? Nem morrer sabe o que viver não soube. Na despedida, operação anuncia ter pedido R$ 15 bilhões em reparação aos cofres públicos. Entre pedir e conseguir, vai uma distância. E quanto custou a destruição da indústria de construção de base no país? E quanto custou em empregos? E quanto custou em agressão ao estado de direito e ao devido processo legal? E quanto custou e tem

A máscara de Sérgio Morro caiu de vez

  A revista Veja publica parte dos diálogos entre o juiz Moro e os procuradores da Lava Jato, disponibilizada pelo STF à defesa de Lula. Segundo o jornalista Luiz Nassif é um escândalo monumental, uma peça vergonhosa do sistema criminal brasileiro. "A invasão do quarto do casal Lula-Letícia, os colchões revirados, o notepad do neto carregado por policiais truculentos, a exposição impiedosa à máquina de moer reputações da mídia".   Esse fato   foi apenas uma parte dos muitos abusos cometidos contra o ex-presidente. Nassif   lembra que   o histórico de abusos   de Sergio Moro, um juiz de província,   era sobejamente conhecido dos ministros Barroso e Fachin,   que endossaram   todos os abusos da “República de Curitiba” por Moro comandada.  Enfim, os dois ministros do STF endossaram, segundo o jornalista, a selvageria, o estímulo aos linchamentos morais. O comportamento do juiz e de Deltan Dallganol, chefe dos procuradores, permitiram a destruição de empresas e instituições. En

Promessa de sangue e ameaça à democracia

  A  análise é do professor Daniel Aarão Reis,  da pós-graduação em História na Universidade Federal Fluminense  e  foi feita em maio. Mas agora, com a vitória dos candidatos de Bolsonaro na Câmara e no Senado, o cenário político para 2022 fica extremamente perigoso. Pelas razões que o historiador já destacava: “Bolsonaro constituiu um dispositivo de milicianos e paramilicianos ligados às polícias militares que não vão aceitar a alternância de poder em caso de derrota no projeto de reeleição do atual presidente. Isso pode acontecer em 2022 com a ação dos grupos radicais que se mobilizaram no final dos anos 1970 para desestabilizar o processo de transição para a democracia no país, praticando uma série de atentados.   Trata-se de um pessoal truculento, agressivo e tá muito autoconfiante. Têm armas na mão e, provavelmente, vão usá-las se não forem dissuadidos”.  

A justiça é cega, pero no mucho...

  Então é assim: o juiz , que está ali para julgar com base nos autos, ataca de acusador. O acusador, no caso o promotor de justiça, tira sarro no réu   chamando-o de “nove”, em alusão a um acidente de trabalho que o deixou com quatro dedos em uma das mãos. Precisa ser da área do Direito pra saber que isso   é lawfare ? Pois é, trata-se   apenas um detalhe entre as centenas de provas cabais de que o juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol agiram politicamente para prender um ex-presidente da república e afastá-lo de uma nova disputa eleitoral. Se com tudo o que está vindo à tona o STF não anular a sentença de Moro sobre o tríplex e a da juíza que copiou Moro em tudo para repicar uma condenação no caso do Sitio de Atibaia, aí meu amigo, pode se exasperar porque não será mais possível acreditar na justiça brasileira.

Bolsonaro aposta na morte

  É de 1,1 milhão o número de pessoas com armas de fogo, 65% a mais que em 2018. Bolsonaro coloca revolveres e pistolas nas mãos dos brasileiros (os que podem comprar, evidentemente) , enquanto negligencia a segurança pública, que é responsabilidade do estado. Para o deputado federal Marcelo Freixo, “o presidente adota medidas que favorecem o crime organizado, aumentam a violência e ameaçam a democracia”  

Escândalo pra mais de metro

  A AstraZenica negou a venda para um grupo privado brasileiro, arquitetado por grandes empresários , com o devido conhecimento do presidente Bolsonaro e do ministro   Paulo Guedes. O laboratório só está vendendo vacinas contra a Covid para o setor público, ao preço unitário de   5 dólares. A compra pelo setor privado seria à base de 23 dólares. Segundo denuncia o jornalista Luis Nassif, a negociação estava sendo feita com o fundo Black Rock, que detêm 8% do capital da AstraZenica. E sabe quanto estaria à disposição para o butim, ou seja, para o bolso dos envolvidos na trama? Nada mais nada menos de que 594 milhões de dólares. A ponte entre o grupo privado, do qual fariam parte Paulo Skaf (presidente da Fiesp) e Fábio Spina, da Gerdau,   seria  do senador Flávio Bolsonaro, de acordo com o colunista Lauro Jardim, de O Globo. O discurso, inclusive do governo, é de que o setor privado estaria ajudando o país a vencer o coronavírus. Algumas empresas perceberam a manobra e avaliaram o est

Pagamos o preço do nosso menosprezo à ciência

  O Brasil produzia até os anos 80,   55% dos insumos de medicamentos da nossa indústria farmacêutica. Hoje, são apenas 5%.   Isso, graças à redução   gradativa (e agora acelerada) dos investimentos em ciência e tecnologia. Mais dois anos de Bolsonaro e chegaremos a 0%. Enquanto isso, China e India continuaram investindo pesado em pesquisa e produção de fármacos   o que explica a posição dos dois países com relação à produção de IFA (Ingrediente Farmacêutica Ativo) . A mídia brasileira nunca prestou a atenção nesse dado, que vem à tona agora por causa da vacina contra o coronavírus.

Bolsonaro e o Centrão Shopping Center

  Bolsonaro torra R$ 3 bi em emendas parlamentares para garantir a eleição de Arthur Lira à Câmara Federal. Os beneficiários são deputados do centrão que não querem apenas a grana para azeitar suas bases eleitorais. Querem cargos, muitos cargos. Querem pelo menos dois ministérios ,de porteira fechada. Um é o da Saúde, onde Pazuelo passa por processo de fritura e o centrão quer emplacar Ricardo Barros, que já foi ministro do vampiro brasileiro Michel Temer. E como entender a obsessão de Bolsonaro por Lira ? É que todo e qualquer projeto de interesse do Planalto passa primeiro pela Câmara Federal. Se for bloqueado ali, não vai pra frente. E caberia a Lira engavetar todo e qualquer pedido de impeachment que pousasse sobre sua mesa. Rodrigo Maia, que os bolsonaristas tanto odeiam, sentou em cima de pelo menos 61 pedidos. Lira não só sentaria, como incineraria o que aparecesse. Baleia Rossi não é nenhuma Brastemp e nem um nome em quem a oposição possa confiar. Mas é o que se tem para o m

A bela cesta básica do Planalto

  Todo mundo sabe que o presidente Bolsonaro é doido por um leite condensado, que ele come com pão todo dia no café da manhã. Até aí nada demais. O trem é bom mesmo. Mas segundo o portal Metrópoles, o Palácio do Planalto gastou R$ 15,6 milhões em Leite Condensado no ano de 2020. De supermercado o governo gastou ano passado R$ 1,8 bilhão. O site detalha: além do leite condensado foram gastos R$ 16,5 milhões em batata frita embalada; R$ 13,4 milhões em barras de cereais; R$ 12,4 milhões em ervilha em conserva; R$ 21,4 milhões em iogurte natural e R$ 2.203,681 em goma de mascar.

Os bons ventos que vêm do Norte

  Joe Biden começou levando esperança aos Estados Unidos e ao mundo. Aos EUA porque sinalizou que quer a paz e que é presidente não de quem votou nele, mas do país, de todos os americanos. Ao mundo, porque já no primeiro dia discursou contra o racismo, contra a homofobia, a favor da justiça na distribuição de vacinas , que não deve se concentrar nos países ricos. Além disso, anunciou a suspensão da construção do muro que Trump estava construindo na fronteira com o México e elogiou o papel da OMS no combate à pandemia; disse que os Estados Unidos voltará ao Acordo de Paris.   Enfim, uma brisa fresca, de alívio, sopra a partir da Casa Branca, coberta por nuvens negras desde que Trump chegou ao poder há 4 anos. Por mais que Trump tenha deixado discípulos , inclusive aqui no Brasil, a esperança de que a democracia prevalecerá nos enche de esperança e de certeza de que a onda Bolsonaro vai passar logo.  

Um "muito obrigado" pra lá de esquisito

  O secretário de Estado dos EUA,  Mike Pompeo, agradeceu Jair Bolsonaro pela contribuição que ele deu na tentativa de destruir o BRICS, sonho acalentado por Donald Trump durante os seus quatro anos na Casa Branca. Não conseguiu, mas o vassalo fez um estrago no bloco de países emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e Africa do Sul), que se uniram a partir de 2006 com grande poder de influência na geopolítica global. Afinal, o BRICS representa, juntos, 42% da população do planeta, 23% do PIB mundial, 30% do território e 18% do comércio global. Isso, claro, incomoda os Estados Unidos e sobretudo, os republicanos, que sentem o impacto principalmente do crescimento da China, que caminha célere para se tornar a maior força econômica do mundo. E caminha , teoricamente pelo menos, de mãos dadas com os demais componentes do bloco. E olha só o que Bolsonaro fez: conseguiu abrir uma fenda no BRICS (a mando do seu suserano) e agora, no contexto de uma crise sanitária sem precedentes no mund

A gestação de um golpe por meio de dois projetos esquisitos

  Os dois projetos de lei que restringem o poder dos governadores sobre as polícias Civil e Militar são componentes de uma bomba relógio que assusta. Sorrateiramente, o presidente Jair Bolsonaro espera eleger Artur Lira à presidência da Câmara para dar andamento ao processo de migração para suas mãos, dos braços armados dos Estados. Não porque ele esteja preocupado com a segurança pública, mas porque pretende ter sob seu controle, dois poderosos instrumentos de pressão e intimidação da sociedade e das instituições. O fato foi denunciado em reportagem do Estadão e repercutiu negativamente no Congresso Nacional, no STF e até nas Forças Armadas. Há uma mobilização nacional contra essa bomba. Mas especialistas em cobertura dos bastidores do poder advertem que a sociedade precisa estar atenta e se mobilizar contra a obsessão golpista do “capitão Cloroquina”. Setores policiais até que estão gostando da brincadeira, porque   Bolsonaro tem acenado permanentemente com vantagens para as corp

Alexandre Gracinha passou vergonha

  “Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até o último instante o teu direito de dizê-la.” - Voltaire, atualíssimo, disse Alexandre   Garcia em um debate sobre democracia na   CNN. Na sequência, o advogado Augusto   Botelho   corrigiu: “Voltaire nunca disse isso, Alexandre”.  Claro, o bolsonarista ficou com cara de criança cagada. Teria evitado se antes de citar a frase tivesse ido ao Google, que lhe informaria: A autora da frase é Evelyn Beatrice Hall, biógrafa, inclusive  do filósofo.

Ele tem sim , culpa no cartório. E não é pouco

  Não faltaram advertências da comunidade científica para o perigo das aglomerações de fim de ano em praias e festinhas privadas, inclusive entre famílias. Em geral, o brasileiro pouco se lixou para as recomendações dos especialistas. Para piorar o nível de desobediência civil, o presidente da república continuou com suas pregações criminosas contra o distanciamento social e as práticas preventivas divulgadas dia sim, dia também, pela Organização Mundial de Saúde. Portanto, era previsível que a conta viria salgada em janeiro, no Brasil e no mundo. No Brasil ainda pior, porque aqui não tem governo , o que tem no Palácio do Planalto são as ações deletérias de um negacionista psicopata.   Agora que o caos se estabeleceu, tal qual previsto, Jair Bolsonaro e seu ministro da saúde, continuam de braços cruzados, se lixando para a dor da população e só tomando providências (de forma tímida) diante das pressões que surgem de todos os lados. Mesmo assim, seguem com a insanidade da pregação de

Governadores do Brasil, uni-vos!

  O tic tac de uma bomba relógio que alguns governadores tentam desarmar. No projeto que mandou para o Congresso, Bolsonaro quer não só o comando da PM como também da Polícia Civil. Assim, nem precisaria das Forças Armadas para tentar dar um golpe de estado em 2022, como anda insinuando. Isso é extremamente grave. Se o Congresso Nacional aprovar tamanha aberração, aí será o caos, podemos nos preparar para o pior.  

O adeus ao Dr. Alencar Furtado

  O ex-deputado federal Alencar Furtado, que faleceu hoje aos 95 anos, foi um dos mais brilhantes oradores do Congresso Nacional na década de 70. Foi cassado por Geisel com base no AI-5, depois de, junto com Ulysses Guimarães, Franco Montoro e Alceu Colares, ocupar o espaço do MDB no horário eleitoral gratuito em rede nacional de rádio e televisão. A fala dele nesse programa foi contundente, de crítica mordaz à ditadura, o que lhe valeu a cassação. Marcou para a história a expressão que melhor definiu a situação dos filhos de presos políticos desaparecidos: "São filhos do quem sabe, órfãos do talvez". Alencar fez sua carreira brilhante de advogado e político em Paranavaí, onde seu filho Heitor é nome de uma das principais avenidas. Heitor foi brutal e covardemente assassinado por um agente da Polícia Civil, quando dormia no carro em um posto de combustíveis, entre Jandaia e Mandaguari, após um dia extenuante de campanha para deputado. Que Deus o tenha em bom lugar, grande Al