Os valores das doações feitas por empreiteiras de obras
públicas aos principais partidos do país , PT e PSDB à frente, mostram porque é
preciso colocar um fim no financiamento privado das campanhas eleitorais. As
doações mascaram a propinas, e isso é fato. E como do couro sai a correia , é
fato também que o custo social dessa brincadeira é elevadíssimo, com impactos
direto no comportamento ético da maioria que disputa cargos eletivos.
Segundo notícia
publicada no UOL (edição online da Folha
de São Paulo), “O conjunto das empreiteiras investigadas pela Operação Lava
Jato foi responsável, em média, pela doação de 40% dos recursos privados
canalizados para os cofres dos três principais partidos do País - PT, PMDB e
PSDB - entre 2007 e 2013. No período, as legendas, somadas, receberam pelo
menos R$ 557 milhões de 21 empresas envolvidas no escândalo”.
É ou não é um escárnio? Como admitir que empresas que
prestam serviços para governos estaduais, municipais e federal, acabem
superfaturando seus preços para poder oxigenar o processo eleitoral do país?
Que democracia do mundo resistiria a tamanha distorção de valores ,econômicos e
éticos? Portanto, é urgente uma reforma política, não uma reforma saída de gabinetes
com ar refrigerado, mas saída do seio da sociedade, que é, afinal, quem paga o
preço de tanta corrupção.
Tudo bem que os partidos alegam sempre terem recebido
doações legais e declaradas à Justiça Eleitoral. Pode ser legal isso mas moral
certamente não é. Como não se pode considerar moral esta última providência do
Congresso Nacional de triplicar a destinação de recursos públicos para o Fundo
Partidário, que banca o funcionamento das legendas, mas sem socializar a
dinheirama para os candidatos que disputam cargos eletivos. Geralmente os que não integram as chamadas “panelinhas”
partidárias ficam chupando o dedo na hora da partilha.
O combate à corrupção eleitoral passa pelo controle
social (rigoroso) dos recursos disponibilizados par candidaturas proporcionais
e majoritárias. Paralelamente ao disciplinamento dos gastos de campanha,
necessário se faz que as agremiações partidárias se deem ao respeito e escolham
candidatos comprometidos com suas linhas programáticas, sempre propaladas mas
nunca praticadas por quem dos discursos partidários se apossam.
Não é tão simples o Brasil resolver
seu dilema ético, mas se pensarmos na Lei Capistrano de Abril, podemos ter o mote de
uma grande campanha nacional pela moralidade pública: “ Artigo 1º. Todo
brasileiro deve ter vergonha na cara. Parágrafo
único: revogam-se as disposições em contrário”
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