Vi agora no Bom Dia Brasil uma matéria sobre a inatividade dos conselhos de ética da Câmara e do Senado. Na Câmara a coisa é feia mesmo. Tem deputado que durante o dia participa das atividades parlamentares e à noite vai dormir na cadeia; tem parlamentar investigado, um até que foi flagrado por câmera indiscreta recebendo propina e deixando cair maços de dinheiro do bolso do paletó.
Apesar de tudo isso, o Conselho de Ética da casa parece não existir. O último deputado submetido ao Conselho e que acabou cassado foi Eduardo Cunha, assim mesmo porque a pressão da sociedade foi gigantesca. Entre os membros que compõem este conselho na Câmara Federal alguns são denunciados, processados, réus. E nada. No Senado, o último a sofrer sanção foi Delcídio do Amaral. Aécio, a despeito de todas as provas, foi inocentado e teve seu processo arquivado sem maiores explicações.
Enfim, com raríssimas e honrosas exceções, os partidos se descaracterizaram e seus líderes perderam a vergonha (se é que um dia tiveram). A corrupção está nas entranhas da política brasileira e, ironicamente, os telejornais mostram diariamente declarações de parlamentares falando em ética e moral pública, quando da ética e da moral passam a quilômetros. E pensar que no nosso vizinho Uruguai, um vice-presidente renunciou ao cargo de segundo mandatário do país, só porque o Conselho de Ética do seu partido passou nele uma carraspana corretiva.
A desfaçatez no Brasil é tão grande que de vem em quando eu me pego perguntando aos meus botões: “Será que o Brasil tem jeito?” E aí, encontro uma resposta que me angustia mais ainda: “Tem jeito, não. Nem no meu tempo, nem dos meus filhos, nem dos meus netos”. E Cristo, lá de cima, completa : “Nem no meu”.
Mas antes que algum espírito de porco pense que esse quadro de suprema desmoralização dos políticos justificaria um golpe militar, vamos lembrar Winston Churchil: “A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas”
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