Nos Estados Unidos,
ex-presidente não volta a disputar a Casa Branca e, preservando a liturgia do
cargo evita continuar se imiscuindo na política partidária. Fica , no máximo ,
como conselheiro, embora Bill Clinton esteja, de forma indireta , quebrando um pouco
essa tradição, com a pré-candidatura da
esposa Hillary. No Brasil, ex-presidente não só fala, como influi nos rumos das
sucessões presidenciais e, eventualmente, até voltam ao centro do palco
eleitoral, como fez Getúlio Vargas , embora ele tenha disputado o voto só na
volta ao Catete, como teria feito JK e como agora pretende fazer Lula.
No caso presente de
Luis Inácio Lula da Silva, a sua provável volta à disputa tem a ver com a
tentativa de continuidade do PT no poder e a uma quase necessidade de sobrevivência
do Partido dos Trabalhadores, que se continuar nessa mesma marcha, chega a 2018
em frangalhos, tendo em Lula sua tábua
de salvação.
Vamos e venhamos: por
mais que esteja desgastado, Lula já partiria para a disputa com uma base
(sólida) de 30% das intenções de voto e com possibilidades reais de retomar a
popularidade que sempre teve, mercê do seu carisma pessoal e da sua capacidade
incrível de falar com o povão, na linguagem do povão.
Isso explica a tal PEC
125 de uma inexpressiva deputada carioca chamada Cristiane Brasil. Claro que
ela não deve ter nenhum objetivo de preservar a figura do ex-presidente,
deixando para ele apenas o papel (positivo ou negativo) que a história lhe
reserva. O objetivo é outro e não deve ser coisa da cabeça da deputada. Ela
certamente está sendo feita de boi de piranha (ou seria vaca de piranha?) para
protagonizar um espetáculo de qualidade duvidosa.
Diz a ementa do Projeto
de Ementa Constitucional: “Altera o artigo 14, parágrafo 5º., da Constituição Federal,
para determinar a proibição da reeleição por períodos descontinuados, para os
cargos do Poder Executivo”.
Significa, na prática, que a proposta visa
impedir uma eventual candidatura de Lula em 2018. Tanto que a própria imprensa
já apelidou a iniciativa de “PEC anti-Lula”. Fica muito claro, então , o
caráter golpista da proposta e o medo implícito da oposição em relação ao “sapo
barbudo”. Lula viria para a campanha, caso não consigam fazer com que a
Operação Lava-Jato o leve a nocaute, armado até os dentes e disposto a
desmontar os explosivos que colocaram no seu caminho.
Munição não haverá de faltar ao ex-presidente,
que poderá resgatar e clarear para a opinião pública, a origem da corrupção na
Petrobrás, o escândalo do Banestado (Operação Macuco) e o nascedouro do
mensalão, que o PT deu sequência com grande capacidade operativa, diga-se de
passagem, mas que começou lá atrás, com o ex-governador de Minas, Eduardo Azeredo,
criador do indigitado personagem Marcos Valério.
O problema é que numa campanha presidencial em
que Lula estivesse duelando com Serra, Aécio ou Alckmin, os brasileiros teriam que
tampar o nariz ante uma terrível guerra de babuínos, que se enfrentam jogando
excrementos uns nos outros. Mas, fazer o que se a nossa democracia, ainda
tenra, não conseguiu produzir quadros mais interessantes do que esses que já
estão colocados na cena política do país para 2018?
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