A Folha de S. Paulo , talvez inspirada pelo relator do Orçamento da
União, Deputado Ricardo Barros, que quer dar um golpe de ipon no Bolsa Família, propôs em editorial na sua
edição de ontem (domingo) cortes nos
gastos orçamentários compulsórios com Previdência Social, Educação e
Saúde. É isso, então: o jornal dos Fria quer simplesmente piorar a saúde,
acabar com a educação e deixar à mingua aposentados e pensionistas.
Em nome do ajuste fiscal, já está cheio de economistas por aí sugerindo
receitas que se colocadas em prática,
fomentariam um clima de quase guerra civil no país. O Estado está quebrado e
precisa sair da crise para voltar a crescer. Isso todo mundo sabe. Mas é
difícil engolir receituários que nem de leve citam a necessidade de taxar
adequadamente os bens de capital, de apressar a repatriação dos bilhões de
reais de ricaços brasileiros que dormem tranquilamente em cofres de paraísos
fiscais.
O que se vê , não apenas em editoriais de jornalões, mas nos próprios
discursos e falas de empresários,
economistas e políticos da oposição , é a montagem de um quadro de horror, de
terra arrasada. Um passo atrás na agenda social nesse momento significa agravamento
do desemprego, da pobreza, da fome e por consequência, da criminalidade.
A propósito do editorial da
Folha, escreveu o economista, doutor pela Coppe/UFTJ, J. Carlos de Assis: “
“Não é esse déficit
insignificante de 30 bilhões de reais, usado pela Folha para chantagear o país
e forçar o abandono do projeto social brasileiro, que constitui um desarranjo
da economia. O problema da economia é a ausência de um programa de
investimento público, mesmo que deficitário. O déficit público de hoje, quando
bem operado para investimentos em infraestrutura, torna-se crescimento do PIB e
da receita amanhã. Em outras palavras, ele se paga por si mesmo como ensina há
80 anos a boa doutrina keynesiana.
Se não conseguirmos construir um grande pacto social para superarmos a
crise econômica e política, e se em lugar disso, intimidado pela Folha,
o Governo implementar um programa regressivo do tipo proposto por ela, já
sabemos o endereço aonde os doentes sem cobertura de saúde, os idosos e
aposentados despojados de direitos previdenciários, os estudantes pobres sem
condições de pagar faculdades, a turma do Bolsa Família e os sem casa e tantos
outros pobres devem procurar ajuda: vão todos para a porta da Folha,
esperando que ela os reenvie para a proteção do sistema bancário!”
.
Comentários