. Por André Singer, Folha de S. Paulo
O pagamento de R$
60 milhões por parte da Alstom, como indenização por uso de propina no mandato
do pessedebista Mário Covas em São Paulo (Folha, 22/12), a
revelação de que a dobradinha Nestor Cerveró-Delcídio do Amaral remonta ao
tempo em que ambos serviam ao governo Fernando Henrique Cardoso (Folha, 18/12) e a condenação do ex-presidente tucano
Eduardo Azeredo a 20 anos de prisão (Folha, 17/12), por
esquema análogo ao que levou José Dirceu à cadeia em 2012 (condenado à metade
do tempo), confirmam que há dois pesos e duas medidas no tratamento que a mídia
dá aos principais partidos brasileiros.
Enquanto o PT
aparece, diuturnamente, como o mais corrupto da história nacional, o PSDB,
quando apanhado, merece manchetes, chamadas e registros relativamente
discretos. O primeiro transita na área do megaescândalo, ao passo que o segundo
ocupa a dimensão da notícia comum.
Isso não alivia a
situação do PT, o qual, como antigo defensor da ética, tinha compromisso de não
envolver-se com métodos ilícitos de financiamento. No entanto, o destaque
desequilibrado distorce o jogo político, gerando falsa percepção de
excepcionalidade do Partido dos Trabalhadores. A salvaguarda do PSDB pelos
meios de comunicação reforça a tese de que o objetivo é destruir a real opção
popular e não regenerar a República.
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