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As fraturas do processo democrático têm as digitais das Forças Armadas

                                                                  Roberto Amaral*


Em país cujo presidente, militar, governando com militares, é notório desafeto da democracia, exalta ditadores e ditaduras e entroniza no pódio de herói nacional um torturador; quando um filho desse presidente, com mandato parlamentar, anuncia que bastam um cabo, dois soldados e um jipe para fechar o Congresso e o STF, e um outro rebento, conselheiro in pectore do presidente, declara que na democracia as reformas não se fazem na velocidade de seu desejo, devem ser bem recebidas as declarações do general Mourão, vice-presidente da República segundo as quais não haveria, no Brasil de hoje, qualquer ameaça de golpe militar. Diz-nos: “Vocês precisam entender que, em determinados momentos da História, isso funcionou [intervenções militares]. Hoje, não funciona mais. O Brasil é muito complexo, uma sociedade complexa. Não é assim, ‘pô’, manda ligar o motor, fecha o Congresso, fecha isso, fecha aquilo, e muda tudo” (Correio Braziliense, 15/09/2019).
Como para nos tranquilizar, o general afirma que “as Forças Armadas brasileiras sempre foram uma instituição democrática. Em todos os momentos da vida nacional se apresentaram para preservar a lei, a ordem, e garantir que a democracia terminasse por vicejar”.
Neste ponto a conversa muda, porque, lamentavelmente, não é esta a certidão da História.
Os temores da sociedade brasileira sobre a continuidade democrática são justos, pois a República está plena de episódios de ruptura da via constitucional. E não são menores nem menos frequentes os momentos de plenitude autoritária, mesmo sob a ordem legal, compreendendo restrições de direitos civis e individuais, a censura, a discriminação e a repressão às minorias. Presentemente governantes estimulam a perseguição de adversários políticos transformados em inimigos, pregam o uso de armas de fogo e fuzilamentos sumários, combatem a liberdade de imprensa e aplicam a censura a livros.
As fraturas da ordem legal fazem parte desta cultura autoritária.  
* Roberto Amaral é professor e jornalista.  Foi ministro da Ciência e Tecnologia
  


Comentários

Anônimo disse…
Os militares provarão que não sabem governar, foram sanguinários na ditadura militar e agora fazem um governo medíocre com o Bozo.
Jorjão disse…
Estamos sendo governados por um monte de merdas e o Bozo na ONU vai ser um fiasco, com o discurso do Cu Falante, a quantidade de enxofre no salão da assembléia geral da ONU inapelavelmente atingirá níveis críticos, tornando o ambiente irrespirável. Torçam para que a desgraçada da hérnia mal cheirosa não se rompa na hora, com toda a sua carga acumulada de dejetos, carvão e nitrato de potássio. Se isso acontecer, não vai sobrar vivalma da explosão resultante da mistura tóxica e o prédio da ONU implodirá, espalhando merda por toda Nova York, num verdadeiro apocalipse dos infernos.
Thiago disse…
O que se pode esperar de militares que apoiam tortura e cultuam um torturador covarde da sangrenta ditadura de 64. Na verdade, esses boçais psicopatas estão sendo coerentes nas suas declarações de apoio a barbárie institucionalizada pelo governador sociopata Witzel. A matança de inocentes, negros e pobres vai continuar a todo vapor se a justiça não der um paradeiro nisso.

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