"Se numa noite dessas
o Cid Moreira disser no Jornal Nacional que grama faz mal à saúde, no dia
seguinte quase todos os jardins
do país estarão comprometidos".
Isso está no texto de abertura da
revista Extra, uma edição especial sobre o JN, dirigida por Naciso Kalili, que
por ironia , acabou anos depois indo trabalhar no Fantástico.
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O JN se tornou ao longo dos 50
anos de sua existência uma espécie de bíblia noticiosa. A Globo celebra com
muita festa o meio século do principal telejornal do país. Realmente o Jornal
Nacional integrou o Brasil através da notícia, mas é preciso avaliar o mal que
o telejornal fez à democracia brasileira e o estrago que o seu noticiário
pasteurizado e parcial produziu no processo de politização da sociedade.
Nunca se pode esquecer que o JN
foi porta-voz do regime militar, distorcendo de maneira vergonhosa, por
exemplo, a sua cobertura sobre o episódio do Rio-Centro. Só entrou na cobertura
da campanha das diretas, quando o movimento já não tinha mais volta e a Rede
Globo era hostilizada nas ruas. Na primeira eleição direta para presidente
pós-ditadura, fez um papel vergonhoso. Alavancou a candidatura Collor e no
segundo turno da eleição der 1989, jogou uma pá de cal na candidatura Lula
quando fez uma edição sacana (e criminosa) do último debate entre Luís Inácio
Lula da Silva e Fernando Collor de Mello.
Mais recentemente, liderou a
mídia tradicional no apoio apoio ao golpe do impeachment que derrubou Dilma da
presidência e possibilitou a chegada ao poder do vice Michel Temer, um desastre
monumental para o país. Não satisfeita, a Globo deu aso às fakenews da campanha
Bolsonaro, principalmente ao tal kit gay. Enfim, o Jornal Nacional fez Collor
e, meio que na base do “não tem tu vai tu mesmo”, ajudou a eleger Jair Messias
Bolsonaro.
Por tudo isso e por tudo o mais,
é que não vejo nenhum motivo para que o povo brasileiros comemore os 50 anos do
Jornal Nacional, hoje dirigido pelo próprio apresentador Willian Bonner e pelo
Ali Kamel, figura nada palatável ao meio jornalístico.
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