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O debate deixou claro quem é quem nessa disputa pelo poder local


O debate de ontem na RPC , reconheçamos, não foi engessado, como costumava ser os até agora realizados em eleições anteriores. Com quatro candidatos o debate fica mais ágil, mas franco, mais aberto e menos maçante. Sem dúvida que melhora o nível, não por conta do regulamento, mas pelo fato de ter na bancada apenas os candidatos eleitoralmente viáveis. Como este foi o último antes da eleição e realizado em horário nobre da toda poderosa, certamente teve uma audiência maciça. Acho que serviu para boa parte dos ainda indecisos definir em quem votar, e também, em quem não votar. Ficou muito claro que Humberto Henrique e Ulisses Maia são mesmo os candidatos que encarnam a oposição ao grupo que domina a política local há 12 anos. Silvio Barros tentou, por várias vezes, desqualificar este papel que Maia assumiu desde o início da campanha, lembrando que o mesmo foi seu chefe de gabinete por quase oito anos e tudo o que ele Silvio, assinava enquanto prefeito, passava evidentemente pelas mãos de Ulisses, que agora o critica.
Seria este fato uma grande saia justa, sem nenhuma dúvida. Mas Ulisses tem conseguindo fazer desse limão uma limonada, como  se dissesse que serviu para acumular experiência e aprender como evitar os deslizes éticos de uma administração pública, que no caso dos dois mandatos de SBII foram vários, como provam os processos movidos contra ele pelo Ministério Público e as condenações de primeiro e segundo graus. Já Humberto foi sempre muito técnico e respaldado em informações concretas nas críticas pontuais que fez a Silvio, que sempre que podia, tentava se safar lembrando a herança que pegou do PT em 2005. Quem conhece a história sabe que o ambiente de terra arrasada que ex-prefeito  usa é absolutamente inverídico e deselegante, sobretudo porque atinge, de forma indireta,  a imagem do saudoso Zé Claudio.
O debate da RPC clareou mais ainda as posições políticas de cada um dos quatro candidatos, bem como a consistência dos seus discursos. Ulisses mostrou-se mais seguro e mais contundente do que nos debates anteriores e a julgar por sua postura nessa campanha, decidiu se desgarrar de vez do grupo político liderado por Ricardo Barros, que ele fez questão de ressaltar ontem, é quem realmente manda na administração municipal, tanto nos dois mandatos do irmão quanto agora no do aliado Roberto Pupin. Quanto a Wilson Quinteiro, ressalto sua qualidade discursiva. Não tão bem quanto Silvio, mas ele esgrima as palavras com extrema facilidade, porém sem conseguir  cravar uma imagem de político independente, mercê talvez, do apoio explícito que deu a Pupin no segundo turno das eleições de 2012, em cuja administração colocou depois alguns aliados, caso do seu vice na chefia do Procon.
Essa é uma eleição cujo resultado é imprevisível, por mais que se diga que Silvio Barros II será o futuro prefeito. Não por acaso há o esforço (quase uma operação abafa) para liquidar a fatura no primeiro turno, porque se houver segundo turno, o jogo será outro e aí tudo pode acontecer. A julgar pelas sondagens internas das coligações e pelo que se ouve nas ruas, haverá sim o segundo turno, mas não se tem claro quem será o adversário dos Barros. Pode ser Quinteiro, pode ser Ulisses, pode ser Humberto. Se for Quinteiro, não tenho dúvida que será uma disputa morna, sem enfrentamentos, meio na base do jogo casados x solteiros. Se for com Ulisses o clima esquenta, não por diferenças ideológicas mas de métodos. Ele passa a ter a responsabilidade de romper um ciclo de poder, respaldado em um modelo novo, porém perverso, de coronelismo.
Com Humberto no segundo turno o embate terá um caráter mais ideológico e com certeza, Silvio se valerá da PTfobia que toma conta do país , embora corra o risco do efeito bumerangue, já que o PP encontra-se  tão ou mais envolvido  do que o PT nos escândalos levantados até agora pelo Lava Jato.
Enfim, chegamos à reta final da campanha do primeiro turno, com a expectativa de que teremos uma grande renovação (não de posturas mas de nomes) na Câmara Municipal e de que, seja qual for o resultado da majoritária, passaremos a trilhar o caminho da mudança , senão no modelo de gestão da cidade, pelo menos no aperfeiçoamento dos mecanismos de fiscalização  e no surgimento de lideranças novas que fizeram furos importantes no casco de um navio que muita gente ligada à família Barros julga inexpugnável.

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