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Carta de Natal põe fogo na fundanga e dá comichão em quem prega o golpe


“Em 24 de agosto de 1954, o Presidente Getúlio Vargas se matou em seu quarto com um tiro no peito. Na carta-testamento ele registrou: “Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada temo. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”, preferindo o suicídio a se submeter à humilhação que os adversários queriam com a sua renúncia.
Em 1961, o então Presidente Jânio Quadros, alegando “forças ocultas”, renunciou e disse: “Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração”.
No próximo dia 1º, Vossa Excelência subirá a Rampa do Planalto em direção à governança. No entanto, a subida será solitária, ainda que partidária e com bases aliadas. Mas saiba que duzentos milhões de brasileiros, mais uma vez, subirão com a Senhora, na esperança de se desenvolverem como cidadãos, e de ascenderem coletivamente num país melhor. Por isso, reforço o meu pedido inicial de “renúncia”.
Como chefe maior dessa Nação, como Presidente ou Presidenta, renuncie à corrupção, aos corruptores, aos corrompíveis, aos corrompidos; renuncie à roubalheira política, aos escândalos na Petrobras; renuncie à falta de vergonha e aos salários elevados de muitos parlamentares; renuncie aos altos cargos tomados por ladrões; renuncie ao silêncio e ao “eu não sabia”; renuncie aos mensaleiros; renuncie ao apadrinhamento político, aos parasitas, ao nepotismo; renuncie aos juros altos, aos impostos elevados, à volta da CPMF; renuncie à falta de planejamento, à economia estagnada; renuncie ao assistencialismo social eleitoreiro; renuncie à falta de saúde pública, de educação, de segurança (Unidade de Polícia Pacificadora não é orgulho para ninguém); renuncie ao desemprego; renuncie à miséria, à pobreza e à fome; renuncie aos companheiros políticos do passado, a velha forma de governar e, se necessário, renuncie ao PT.
Dizem que o Natal é uma época de trégua e que em Brasília a guerra só recomeça depois do Ano Novo. Para entrar na história, porém, não será necessário ser extremista como Getúlio e Jânio e renunciar a Presidência da República, mas será necessário não renunciar ao seu país, ao seu povo. Governe com os opositores, governe com autonomia. Faça o seu Natal ser particularmente inspirador e se permita que a sua história futura seja coerente com o seu passado, porque o brasileiro tem o coração cheio de sonhos e alma tomada de esperanças”.

Eis um trecho da  Carta de Natal do ator Ary Fontoura, que alguns jornalistas PTfóbicos entenderam como uma lição de moral na presidente Dilma Roussef.
Fontoura, do alto dos seus 81 anos e da carreira gloriosa de ator talentoso que ainda o coloca como um dos melhores do time dos globais, tem crédito para o desabafo. Isso mesmo, entendi como um desabafo, de alguém angustiado com a situação do país e sobretudo , indignado com a corrupção.
Mas vamos e venhamos, governar com a oposição,  Ary? Existe isso em algum lugar do mundo, onde um governo eleito governa com a oposição, a não ser em casos excepcionais, quando a coalizão se impõe, como forma de salvação nacional?
Quanto à comparação que fez do atual momento político com Vargas e Jânio, não há nenhuma relação entre um fato e outro, posto que as circunstâncias históricas são, nos três casos, diametralmente opostas. A começar pela qualidade da oposição nos períodos Vargas e Jânio, que nem se compara com a oposição atual.
Lamentável ter que dizer isso, mas da carta de Ary Fontoura, se apropriaram alguns setores da elite política e da mídia nacional, para reoxigenar a onda de ódio e xenofobismo que tomou conta do país logo após a vitória da petista contra o tucano Aécio.
A PTfobia se dissipava aos poucos, levada pela própria enxurrada de baboseiras que tomou conta das redes sociais desde que começou o segundo turno da eleição presidencial. Claro que o oxigênio veio em cilindro miniatura, mas com pressão suficiente para assanhar, por exemplo,  os apresentadores do   Manhattan Connection ,  que no último domingo fizeram um esforço danado para obter apoio do ex-presidente Fernando Henrique na nova cruzada do programa, que é tentar colocar o PT  na clandestinidade.



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