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Por uma reforma que corrija a boca torta que o uso excessivo do caximbo deixou na classe política


A democracia só é forte se nela sobreviverem partidos fortes. E partidos fortes não devem ser apenas aqueles que tem maior número de deputados, senadores, governadores, prefeitos e vereadores e por conseguinte, muito dinheiro do fundo partidário. Partido forte, no meu modesto modo de entender é aquele que atua em consonância com a sociedade, sintonizado com as aspirações da maioria da população. Como conseqüência natural disso, cresce em número de diretórios, em número de filiados e sobretudo, de votos. As condições para montar e manter uma boa estrutura surge naturalmente como decorrência da confiança que o programa partidário inspira.
Mas vamos e venhamos: a proliferação de siglas é ruim para a democracia, principalmente porque a maioria dos tais nanicos, sem qualquer configuração ideológica, acabam se prestando ao papel de laranjas, sobretudo em campanhas majoritárias. A coligação que coopta o maior número possível de siglas, não tem outro objetivo que  não o de conquistar maior espaço nos programas eleitorais gratuitos do rádio e da televisão.
Por tudo isso é que dá pra ficar com um pé atrás quando se lê que o Fundo Partidário distribuiu só em 2016 cerca de RS 615 milhões entre os 35 partidos políticos existentes no Brasil, com perspectiva desse valor chegar a 1,5 bilhão em 2017. No critério de partilha fica com a maior fatia o partido de maior representatividade no Congresso Nacional em termos numéricos. Por isso, os mais aquinhoados foram o PT, o PSDB e o PMDB.
Torna-se cada vez mais urgente uma reforma política, mas uma reforma séria e de grande profundidade, que certamente não seria esta  em andamento no Congresso Nacional , onde as posições dos parlamentares são geralmente voltadas para interesses dos segmentos que dizem representar. Melhor é não fazer nada no afogadilho e nem manter os remendos que tem sido introduzidos na legislação eleitoral. Porque na verdade o que o Brasil precisa é de projetos de reforma amplamente discutidos com a sociedade, cujos debates poderiam ser encabeçados por instituições respeitáveis, tipo OAB e CNBB. Necessário se faz que haja uma reforma política capaz de  mudar usos e costumes da política brasileira e de  corrigir a boca  dos políticos tradicionais , entortada  ao longo dos anos  pelo uso excessivo do cachimbo.
Só assim o país pode avançar e consolidar de vez a sua  incipiente democracia, ainda capaz de produzir espetáculos deprimentes como aquele apresentado pelo plenário da Câmara Federal na sessão que aprovou o impeachment da presidente Dilma. Ou será que já esquecemos das invocações que fizeram de Deus e de deuses, de familiares e de uma senhora chamada MORAL, para derrubar uma presidente legitimamente eleita? E mais: que alguns parlamentares que gritavam em nome da ética apareceram depois em listas de delações premiadas ou envolvidos em escândalos outros?
Ora, ora, se deputados e senadores tivessem realmente interesse em promover uma reforma política séria já o teriam feito. Como não fizeram nada nesse sentido, a não ser colocar remendos na legislação em causa própria ou de suas corporações, melhor seria que contribuíssem para que a sociedade organizada exerça esse papel. Ainda dá tempo para  2018.

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