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Spinoza adverte



Após a fortíssima adesão de evangélicos (?) à campanha que prega a tortura, a caça aos presos, e outros crimes contra a Humanidade, reforço a tese de Spinoza, retomada pelas Luzes e pelas democracias modernas, de estrita separação entre política e mundo religioso. A política não é terreno puramente racional, ressalta Spinoza. Mas a religião reforça as paixões que movem o mundo político, ameaçando assim a comunidade estatal e civil.

 Spinoza escreve contra o que provocou a guerra religiosa na Europa, da guerra dos Trinta Anos aos atentados que geraram a Noite de São Bartolomeu. Esta última, um golpe de Estado para afirmar a autoridade pública e o convívio entre cidadãos teve como origem ataques físicos e morais de ambos os lados, massacres praticados por católicos e protestantes. Se o poder público, movido pela política, é dominado pelo religioso, pensa Spinoza, desaparecem a liberdade, as ciências, a pesquisa, a tolerância. Impera o fanatismo bárbaro.

Ultimi barbarorum, colocou ele num cartaz, após o assassinato de um dirigente político que favorecia as liberdades. Foi demovido de sair às ruas com o cartaz, para não ser linchado pelos "piedosos'. Em meus livros sobre Razão de Estado retomo sempre o tema bem como nos prefácios que escrevi e publiquei aos livros de Spinoza (sobretudo o Prefácio meu ao último volume das Obras Completas, o volume IV, que contem a Ética e a Gramática da Lingua Hebraica). Se não forem tomadas medidas sérias, a partir dos que realmente são democratas, logo estaremos assistindo a queima de livros, Autos da fé, e coisas horripilantes em nome de Jesus, da Bíblia e da moral. também católicos entram na via ensandecida de juntar religião e política. Tempos perigosos.

. Professor Roberto Romano (Unicamp)

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