. por Carol Vergolino Sou branca, filha de professores universitários. Sou privilegiada, estudei em escolas em que meus amigos tinham seus nomes nos livros de história pernambucana. No fim dos anos 90, fiz pesquisa de opinião e vi muita coisa. Entrei na casa de muitas famílias em Pernambuco, antes e depois de Lula. Não sou boa de nomes, mas sou boa de cheiro. Entrei na casa de um senhor. Ele e a casa cheiravam a fumo de rolo. Era em Afogados da Ingazeira, Sertão. Não tinha água. Não tinha nenhuma água. A pele dele era seca igualzinha ao chão da casa. De alento, ele tocava uma sanfona. Me respondeu a pesquisa inteira em poesia. Entrei no sítio de uma moça, que não sabia a idade dela. Estava suja de sangue de apanhar do marido que bebia do lado. Ela me trouxe o saco de documento, fiz as contas, 35 anos. Formou-se uma fila. Fiz as contas da idade de vinte pessoas, crianças e adultos. A casa cheirava a álcool e à falta de identidade. Entrei na casa de uma senhora
MESSIAS MENDES - Informação e análise, com o máximo de isenção e imparcialidade. Meu compromisso? É nunca afrontar a realidade dos fatos.