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O problema do HU é um só: excesso de demanda

Aproveitando o gancho da crítica de leitor à saúde pública em Maringá, quero falar um pouco do HU. Há muito defendo que a UEM deveria fazer um debate amplo por meio da Amusep sobre esse negócio dos prefeitos das cidades do entorno comprar ambulâncias para transportar doentes para Maringá ao invés de construir hospitais.
A demanda no Hospital Universitário é simplesmente absurda. Meu genro está lá, num corredor, esperando há uma semana por cirurgia no braço direito. Vou diariamente visitá-lo e fico horrorizado com a situação. Mas que não se culpe o HU por isso. Faço questão de registrar a maneira respeitosa como o corpo clínico trata os pacientes.
Meu genro recebeu sexta-feira a informação de que deverá ser operado amanhã no Hospital Metropolitano de Sarandi. Resignado, anoitece e amanhece no corredor, deitado num leito improvisado. Desconforto total, mas nenhuma reclamação por parte dele, que diz estar sendo bem tratado, dentro das condições que a estrutura do hospital permite.
Vendo a situação de perto e convivendo com ela, reforço minha convicção de que algo é preciso ser feito para que se reduza a demanda do HU, o que só será possível com a construção de hospitais, pelo menos de média complexidade, em cidades do porte de Astorga, Santa Fé, Marialva e Nova Esperança,por exemplo. Além disso, a Central Estadual de Leitos precisa encontrar uma saída para encurtar as distâncias do turismo da dor. Conversei no HU com a esposa de um mestre de obras que estava trabalhando em Maringá, sofreu um acidente de trabalho e por erro no preenchimento da sua ficha, foi internado no HU quando poderia ter sido levado para Cascavel, já que mora em Coronel Vivida. Sua esposa está aqui há várias dias, hospedada em um Hotel para acompanhar o marido. Deixou filhos menores com a mãe e por mais que tente, não consegue levá-lo para perto de casa. “Se ele tivesse sido levado para Cascavel, seria uma mão na roda pra mim”, lamentou.
Por tudo isso, é passada a hora de prefeitos e vereadores da região se mobilizarem e cobrarem do governo estadual uma providência. Mais do que isso: exigirem dos deputados estaduais e federais para os quais vão às ruas pedirem votos,para que entrem no circuito e parem com esse fisiologismo barato, de distribuir ambulâncias e oxigenar o turismo regional da dor.

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