Os
petistas podem não gostar, mas a avaliação que faz o sociólogo José de Souza
Martins no livro Do PT das Lutas Sociais ao PT do
Poder é praticamente uma ressonância magnética do partido e do seu principal
líder Luis Inácio Lula da Silva. Martins viu a ascensão de Lula e do PT bem de perto
e por isso, mais do que ninguém, tem
credenciais de sobra pra dizer o que diz: “O Partido dos Trabalhadores nunca
foi de esquerda e sua origem
eclesiástica explica a dificuldade de seus dirigentes e militantes em aceitar a
divergência política”.
Mais do que isso: “ Lula e o
PT acham que falam na perspectiva da luta de classes. Mas, para haver luta de
classes, as classes teriam de existir. No mundo inteiro, elas estão submersas.
As classes sociais não existem mais, de certo modo. No Brasil, a classe
operária almeja o consumo, a educação. Não está lutando por bandeiras de classe
social. As próprias elites, para recorrer a um termo muito usado pelo PT, estão
divididas. O capital financeiro diz uma coisa. O capital industrial diz outra.
Eles estão preocupados com sua existência imediata. Os operários, também. Não
há urna estrutura de classes que sustente o discurso petista”.
Ainda há pouco, ouvi o
sociólgo de 77 anos na CBN falando sobre o momento político do país. E aí , criticou
duramente a oposição e a mobilização social existente nas ruas, porque todos
não focam o cenário e a cultura do levar vantagem que tomou conta dos agentes
políticos, mas focam em pessoas e especificamente num partido, no caso o PT. Do
jeito que a coisa vai, o Brasil não vê
luz no fim do túnel, “pela simples razão de que não há um túnel. Primeiro é
preciso construir o túnel para que haja luz no fim dele”.
O que
sugere José de Souza Martins? Sugere que os partidos e suas lideranças, sejam os da base aliada, sejam os da oposição,
precisam tomar juízo e com a responsabilidade que ainda não demonstraram
possuir, tentar uma saída via pacto de salvação nacional. Algo parecido com o
Pacto de Moncloa, aquele firmado em 1977 na Espanha paa salvar o país depois de
35 anos da ditadura do generalíssimo Francisco Franco. Ou seja, “ O Pacto de Moncloa foi assinado por representantes de todos os partidos
com participação no Congresso, sindicatos e outros setores que selaram o
acordo, para combater a alarmante crise econômica que a Espanha enfrentava e
também garantir o processo que instituiu as bases legais do moderno Estado
democrático espanhol. Em menos de um ano, houve uma expressiva queda da
inflação espanhola.
Comentários