Aonde está a maior insensatez? Em Putin, que massacra a Ucrânia como um psicopata sanguinário ou na Otan, que cercou a Rússia, quando ela ficou fragilizada com a desintegração da União Soviética? Acho que está dos dois lados. Não se pode colocar a Organização do Tratado do Atlântico Norte, liderada pelos Estados Unidos, num pedestal. Enquanto Putin bombardeia o território ucraniano, Joe Biden e seus aliados agridem o bom senso e botam lenha na fogueira em que ardem corpos de milhares de inocentes, ao mesmo tempo em que apavora o mundo com a possibilidade de uma guerra nuclear. Buden anda cheio das bravatas, mas esquecendo que nenhuma potência é tão invasora quanto os EUA. Ele se finge, então, de macaco, que enrola o rabo e senta em cima.
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Vejam como é doloroso e terrível ter de dizer isso, mas é chocante a incapacidade da Europa em colocar freios a um governo norte-americano que perdeu todos os limites à contenção de seus apetites, com movimentos que quase dão saudades da “Guerra fria” onde, ao menos, os temores de um desastre militar (nuclear, portanto) ao menos continha o padrão de ameaças entre os EUA e a União Soviética.
Pior ainda quando encontrou-se para servir de “bucha de canhão” uma Ucrânia liderada por um “campeão do marketing” que, agora há pouco, com um mar de tanques russos à porta de sua capital, é capaz de dizer que, para tomar Kiev será preciso demolir Kiev.
Nem quando os lançamentos de mísseis balísticos de longo alcance pela Coreia do Norte ameaçou o equilíbrio de forças mundial os líderes ocidentais partiram com tamanha força econômica contra um país e que não se diga que o autoritarismo de Vladimir Putin é o único: superaliada dos Estados Unidos, a Arábia Saudita executou só ontem , 81 pessoas acusadas de subversão contra o regime da família real, por ““lealdade a organizações terroristas estrangeiras” ou manter “crenças desviantes”.
E na surdina, nem se sabe como lhes aplicaram a pena de morte que, por lá, costuma ser executada por decapitação. Não parece que seja algo que mereça ser desprezado pelo “Ocidente Civilizado”, mas passou praticamente em branco.
Nenhum sacrifício é demais para impedir o massacre das pessoas que ainda estão em Kiev e muito menos é legítimo que o presidente ucraniano esteja disposto a imolar seus cidadãos no seu evidente – e bem sucedido, diga-se – esforço para agarrar-se a chance de tornar-se um líder europeu, o que é hoje, para o desespero das lideranças do Velho Continente. E, com qualquer desfecho que haja nesta crise, vai influir nos resultados eleitorais de cada um dos países do bloco europeu.
E, com todas as críticas que se lhe possa fazer pelo fato de ser um personagem sem história política e, até a guerra, um governante apagado, reconheça-se o fato de que, nestes tempos do “homem-meme” das redes sociais, tinha e aproveitou o physique du rôle para interpretá-lo, embora eu tenha lá minhas desconfianças que, justo por isso, irão descartá-lo logo que se tornar inservível.
O Ocidente, muitas vezes de forma ridícula como esta proibição de importar caviar ou de banir o dirigente do clube Chelsea, não é capaz nem de uma medida larga, que ofereça uma oportunidade de Putin negociar o recuo de seus exército com o recuo nas sanções econômicas, como estimula e assiste Zelensky bradar por jatos militares que jamais terá, porque os líderes do “mundo livre” querem a vitória sem guerra. Ou melhor, com guerra apenas na Ucrânia.