Não dá pra comemorar o fato do relator ter deixado
fora da reforma a capitalização , o BPC, algumas aposentadorias especiais e a
desconstitucionalização da Previdência Pública, que Paulo Guedes tanto deseja.
E não dá por que? Porque tudo cheira a uma teatralização, uma forma de reduzir
o desgaste do próprio relator e do governo e jogar a responsabilidade de
prospectar votos na Câmara Federal aos governadores que apoiam a PEC 06/19. Tanto isso é verdade, que o próprio
presidente da Câmara Rodrigo Maia não usou meias palavras em suas declarações
de ontem com relação ao papel dos governadores daqui pra frente.
Isso é
prenúncio de que os governadores vão entrar em campo e para convencer suas
bancadas, se jogar de corpo e alma na regionalização do toma-lá-dá-cá que já
ocorre em Brasília via emendas parlamentares.
Na verdade, o
relatório deverá escancarar a porta do
fisiologismo nos estados e também nos municípios. Isso porque caberá aos
governadores dividir a batata quente com os prefeitos na conquista dos
deputados que ajudam a eleger. Mas como tudo tem um lado bom, os deputados
tendem a ser mais susceptíveis às pressões dos eleitores que dos gestores locais. Se os sindicatos de
trabalhadores e centrais sindicais atentarem pra isso e entrarem em campo com a
organização e o vigor até agora não demonstrados, o relatório do tucano Samuel Moreira
(PSDB-SP)pode ter efeito bumerangue, pra ele e para o governo.
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