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A propósito do acordo Mercosul-União Europeia


Usurpação e arrogância não combinam com a geopolítica
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Que o acordo do Mercosul com a União Europeia é importante, não resta nenhuma dúvida. Mas em nome da verdade histórica, é preciso que fique claro que o seu fechamento não é obra do governo Bolsonaro. As negociações começaram em 1999 no governo Fernando Henrique, teve avanços significativos no período Lula e continuou em andamento no governo Dilma.

É preciso lembrar que, enquanto deputado federal, o atual presidente Jair Bolsonaro criticava duramente o bloco econômico do nosso continente, bem como a possibilidade desse acordo assinado agora na reunião do G-20 ser fechado um dia. E criticava por que? Porque uma das condições básicas para que isso ocorresse era a consolidação do Acordo de Paris, cujo compromisso internacional com o meio-ambiente é refugado a todo momento pelo atual governo, que não aceita questionamentos à sua política desastrosa de proteção da Amazônia, reconhecidamente uma espécie de pulmão do Planeta Terra.

Bolsonaro é um crítico contumaz (eu diria inconsequente mesmo) de Ongs e instituições preservacionistas, como é o caso do Greenpeace e da nossa CTNBIO. Resta saber até que ponto Bolsonaro está disposto a cumprir as regras do acordo que ele assinou, pois pelo que li até agora, o documento imporá a necessidade de empenho dos países signatários na proteção dos biomas, principalmente o maior de todos eles, que é a nossa Floresta Amazônica, em franco processo de devastação.

Portanto, o Acordo estava pra lá de maduro (nenhuma alusão ao presidente da Venezuela, que foi excluído do Mercosul). O governo Brasileiro apenas montou, sabiamente reconheça-se, no cavalo que passou encilhado à sua frente.

Esse negócio de Bolsonaro assumir a paternidade de um acordo de expansão de mercados, que teve ao longo dos últimos dos últimos 20 anos a participação direta e efetiva de três presidentes da república, é uma pretensão descabida, uma usurpação.




Comentários

Luiz disse…
No ano passado, nossa balança comercial com a UE somou 7 bilhões de dólares de superávit. Com esse acordo, de vender comodities e abrir o mercado para produtos industrializados do bloco europeu, ficaremos na dependência dos preços das comodities ("comodis", segundo o Bozo). Passaremos a ser, mais do que nunca, fornecedores de matéria prima: carne e trigo, no caso da Argentina, Uruguai e Paraguai e de soja, petróleo, minério de ferro e carnes, pelo Brasil. Com importação de manufaturados da UE, nossa indústria vai para o saco. E os imbecis diziam que o governo Lula fez a economia crescer por causa das comodities quando, na verdade, ele fez o contrário: salvou a industria naval, o setor de construções e a indústria brasileira (automóveis, geladeiras, fogões, máquinas de lavar, aparelhos de ar condicionado, etc.). E o mais cruel de tudo: Bozo festeja o acordo do Mercosul, iniciado desde 1999 com a UE, mas quando tomou posse ele e o Guedes disseram que o Mercosul não era a prioridade do governo. Tanto é verdade que mandou tirar o logotipo do Mercosul dos passaportes brasileiros. E agora quer ser o pai da criança. Que cinismo!

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