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De quem fala o cientista político?


“Muitos brasileiros haveriam de pensar: se ele era o presidente, e se as falcatruas de fato aconteceram, como poderia ele simplesmente não saber? Como, sendo o chefe do poder, não seria o próprio chefe da quadrilha? Enquanto acenava com proselitismo, com uma mão, o presidente roubava com a outra.
 
Uma certa imprensa autointitulada "livre" e "isenta" - faltou dizer "modesta"? Ou "presunçosa" e "hipócrita" seriam adjetivos mais apropriados? - chegou a afirmar que o presidente havia amealhado dinheiro suficiente para figurar como a sétima maior fortuna do mundo. Haja dinheiro para se chegar a tal patamar! 
 
Diante do malfeito, porém, não restaria pedra sobre pedra. Em uma república, ninguém está livre de acusações. Anos depois de terminado seu mandato, esse presidente, candidatíssimo a alguma eleição seguinte, tratado por “corrupto” e “ladrão”, como se fossem parte de seu sobrenome, foi finalmente indiciado e chamado a depor para responder por seus "crimes".
 
Intimado e intimidado, o ex-presidente apareceu e depôs. Ficou sentado em uma cadeira no centro da sala, sendo inquirido por trogloditas. Crispado, ali estava quem um dia foi muito poderoso. Agora, não mais. 
 
Devidamente enquadrado, quem antes era um líder, dessa vez, produzia a imagem ideal para que fosse lembrado, na posteridade, como um criminoso. 
Mas, afinal, onde estamos? Que dia é hoje? De quem estamos falando? Estamos no Brasil, nos anos de 1956, 1958 e 1965. Esse presidente que foi xingado, odiado, constrangido e humilhado se chamava Juscelino Kubitschek. Pensou que se tratasse de quem? “


                                . Antonio Lassance,  cientista político.
    

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