Política é como futebol: os times e suas torcidas têm adversários e não
inimigos. No campo, o pau canta, fora das quatro linhas, reina a paz. Mas no
Brasil de hoje tudo parece diferente. O pau canta dentro e fora do gramado,
dentro e fora das arquibancadas. Temos no cenário nacionail dois personagens
que despertam paixões e ódios. Lula desperta paixões e também desperta ódio.
Bolsonaro desperta paixões e igualmente ódio. Mas há uma diferença fundamental
entre um e outro. Lula abre o coração e solta o verbo no discurso político, mas
não parece tomado de ódio quando está fora do campo de jogo. Bolsonaro destila
ódio 24 horas por dia. Não parece dar um pingo de paz à sua própria alma,
sempre muito atormentada.
Gostem ou não os bolsonaristas, vamos combinar que nunca houve um
presidente da república que fizesse tanta questão de dividir a sociedade ao
meio. Ele não é o presidente dos brasileiros, mas o presidente dos que nele
votaram e continuam ouvindo com atenção (e encantamento) as suas mais violentas
diatribes.
Não é pelas posições políticas (de direita) manifestadas que tenho asco a
Bolsonaro. Não é nada disso, porque sei que a confrontação ideológica faz parte
do jogo democrático e este é um embate que a gente deve fazer travar
civilidade. O problema é o discurso falso moralista, a hipocrisia, a mentira
recorrente, o cinismo, o belicismo e a
ignorância extrema. Aí não dá. Esse tipo de ser , que contamina pessoas boas ,
das nossas famílias e das nossas relações , é maléfico para a convivência das pessoas de bem em sociedade.
Resta a gente aproveitar esse
Natal e a passagem de ano para uma reflexão necessária , que faço tomando pra
mim as sábias palavras do jornalista Luiz Nassif, um dos mais qualificados
analistas da política e da economia brasileira:
“Passada a grande noite do pesadelo, em um ponto
qualquer do futuro haverá um reencontro no Natal brasileiro. Há de cair a ficha
do país. Em consideração aos laços familiares, os imbecis, imorais, ignorantes
não serão cobrados por esses tempos de insânia e bestialidade".
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