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Saiba o que está por trás da candidatura Bolsonaro

                             Por L. Alberto Rodríguez / Los Angeles Press


É possível em pleno século XXI um político como Bolsonaro? Claro! Sobretudo, se não agir sozinho. Seu perfil pró-nazista, homofóbico, misógino e militarista tem sua contraparte americana; nem mais nem menos que o senador republicano Marco Rubio, que financia e apóia as aspirações do político carioca.
Vejamos.
Metido nas eleições brasileiras, Rubio pretende continuar sequestrando a política da América Latina desde a Casa Branca e restabelecer o conservadorismo militar no Brasil para agradar a Donald Trump.
Por esta razão, o senador da Flórida injeta dinheiro na campanha de Bolsonaro que, desde que passou a contar com o apoio de Rubio, subiu de cinco para vinte por cento nas pesquisas presidenciais. E tem se posicionado à frente de todas as pesquisas que não incluem Lula da Silva.
Como funciona o esquema Rubio-Bolsonaro? É claro que eles não precisam se ver o tempo todo para operar. Esse é o trabalho de Valdir Ferraz, o assistente mais confiável de Bolsonaro, que constantemente viaja para Miami para receber dinheiro e instruções de Rubio. Em troca, o republicano organiza a agenda do brasileiro e até o acompanha em suas viagens fora do Brasil.
A relação entre Bolsonaro e Rubio é relativamente nova. Os ilustres personagens se conheceram durante a primeira visita do político do Rio de Janeiro aos Estados Unidos, em 7 de outubro de 2017, quando se reuniu com membros do Partido Republicano e do governo Trump. O encontro mais recente entre os dois nos EUA ocorreu em março de 2018, quando almoçaram na casa de Rubio e ficaram conversando por quatro horas, em particular. Claro que, a pedido do anfitrião, não houve qualquer divulgação e não foram tiradas fotos.
Em troca de apoio financeiro e midiático, Rubio encomendou a Bolsonaro conquistar uma bancada no Congresso para apoiá-lo contra Lula ou, na sua ausência, contra Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, nomeado pelo Partido dos Trabalhadores como seu candidato presidencial, até que o ex-presidente brasileiro saia da prisão.
As semelhanças entre Rubio e Bolsonaro são muitas. Ambos, por exemplo, são firmes defensores da liberalização de armas. O candidato carioca propôs abertamente o porte de armas no Brasil, que acaba de atingir a taxa histórica de 30,3 assassinatos por 100 mil habitantes em um ano. Trinta vezes mais do que na Europa, e um assassinato a cada dez minutos, colocando-se como a região mais violenta da América do Sul.
Mas isso não parece importar ao candidato carioca. Bolsonaro foi Capitão do Exército e é um defensor aberto das ditaduras militares. De fato, seu candidato a vice-presidente é um militar. O seu conselheiro para assuntos de defesa é Augusto Heleno, ex-chefe da missão militar brasileira no Haiti, ligado a Embaixada e ao Exército dos EUA, identificado pelas autoridades haitianas como um "homem dos americanos", justo quando dispararam os casos de violações sexuais, especialmente de menores, naquele país caribenho.
Bolsonaro também foi multado em 2011 por comentários racistas e misóginos. Algo que se repetiu em 2017. Ele é um personagem conhecido no Brasil por declarações como "índios fedorentos", "se ver dois homens se beijando, eu bato", "escória" (referindo-se aos imigrantes); "os afrodescendentes já não servem mais para procriar"; "não te estupro porque você não merece".
E tem mais. Bolsonaro propôs a tortura como punição judicial. Ele disse que Lula era um bêbado. Diz sentir saudade das ditaduras militares. Ainda, afirmou que não havia ditadura no Brasil e que o erro era torturar e não matar. Tem também outras três sentenças judiciais por injúria e difamação e acusações junto ao Supremo Tribunal Federal.
Este é o homem dos americanos para ser o novo presidente do Brasil.
Suponho que para a comunidade internacional não deva ser coisa menor, já que o país não consegue se recuperar da crise social e política resultante do golpe parlamentar imposto por Michel Temer em 2016 e pela queda da economia que já ultrapassa 12% nos últimos três meses. Assim, Bolsonaro é uma ameaça e sua possível chegada à Presidência seria um desastre, não só para o Brasil, mas para toda a região. É a mão de Washington metida na América Latina e essa é a sua aposta.

* L. Alberto Rodríguez é vencedor do Prêmio Nacional de Jornalismo Contra a Discriminação, concedido pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos; especializado em jornalismo narrativo e análise sobre contracultura, política e movimentos sociais.

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