O jornalista político
Bernardo Melo Branco matou a xarada: Flávio Dino pode ser a opção da esquerda
para 2022, tendo em vista o fato de que o PT anda nas cordas, sem conseguir
mobilizar as ruas, mesmo com Lula solto (e com a língua solta). Diz ele: “Ainda
é cedo para saber quem serão os adversários do bolsonarismo em 2022, mas a
movimentação do governador do Maranhão indica que há algo de novo no front da
esquerda”.
Dino, um juiz federal que ingressou
na magistratura em um concurso em que foi primeiro colocado quando Sérgio Moro
foi o penúltimo, é governador reeleito do Maranhão, depois de aniquilar o clã
do Sarney. É do PC do B, faz um ótimo governo e, ao contrário de Ciro Gomes,
articula com serenidade , sem a ilusão de que é possível a esquerda chegar ao
poder sem se compor com o centro, o que aliás, Lula fez em 2002.
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O PT Nacional por diversas vezes interveio no diretório regional do Maranhão para impedir alianças da legenda com Partidos de oposição a oligarquia, assim sabotou a candidatura de Jackson e do próprio Flávio Dino, dando a oligarquia uma sobrevida, favorecendo Roseana, dentro da gestão Lula, para agradar Sarney. Lula esteve por diversas vezes no estado pedindo diretamente votos a Roseana Sarney, constrangendo seus aliados. Quando não foi possível evitar a derrota, inventou-se um processo para cassar Jackson Lago e entregar o governo a Roseana Sarney. Tudo isso aconteceu com a conivência e apoio do governo Lula, permitindo que um processo sem fundamento cassasse um governador legitimamente eleito pelo povo. Jackson morreu após isso, ainda disputou uma eleição sob judice, barrado pela lei da ficha limpa. Três dias antes da eleição foi liberado pelo TSE quando já não tinha mais aliados na campanha. Lula, o santo canonizado pelo petismo, esteve junto com Sarney nessa articulação. Por ironia, Sarney foi um dos articuladores do golpe contra Dilma e Lula foi condenado por um processo tão injusto quanto aquele que ele próprio ajudou a tramar contra Jackson Lago.
O PT cedeu apoio regional à oligarquias em troca de apoio nacional. Lula fez com o PMDB o mesmo que Getúlio Vargas fez com o antigo PSD (partido de oligarquias) no período democrático. Graças a isso tanto Vargas como Lula conseguiram executar a agenda desenvolvimentista e se manter no governo (Vargas chegou a sofrer processo de impeachment e venceu, e Lula dissuadiu o impeachment no tempo do mensalão).
Ninguém lembra de Vargas por “alianças espúrias”, inclusive é claro, algumas corruptas. Lembra do estadista que modernizou o Brasil. Porque é o que mais interessa no conjunto da obra que fica mais marcante para a história. Lula também teve que fazer e fez semelhante a Getúlio porque é um estadista com visão do bem estar da nação acima das querelas partidárias.
Lembre-se também que Ciro coligou-se com Sarney (então no PFL) da penúltima vez que foi candidato em 2002.
E que o PCdoB foi aliado nacional do PT em todas as eleições desde 1989 e que Flavio Dino participou do governo Dilma entre 2010 e 2014 como presidente da Embratur.