O governo
Bolsonaro deve, por Medida Provisória, titular 600 mil propriedades de até
2.500 hectares na Amazônia Legal. E sabe
quem vai comandar o processo? Sim, ele mesmo, o ruralista Nabhan Garcia,
inimigo da reforma agrária, dos trabalhadores sem terra e dos índios. Significa
que o processo será mais de grilagem do que de regularização fundiária.
Sergio Moro começou efetivamente sua vida de político neste sábado em Curitiba. Numa feira no Juvevê foi recebido com frieza pelo povo e ouviu muitos insultos. Chegou mudo e saiu clado, acompanhado de meia dúzia de assessores, inclusive uma cinegrafista. Ele disputa com Álvaro Dias, seu ex-fã e agora inimigo, a única vaga do Senado. Chances de vitória? Tem, mas são pequenas, pra não dizer, quase zero.
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Nabhan Garcia, que prometeu revogar as conquistas dos últimos 40 anos dos trabalhadores do campo, parece ter poderes ilimitados no que diz respeito a questão da terra, seu projeto passa por cima das decisões de ministros e derruba generais. O secretário fascista considera crime as ocupações do MST, a qual chama de invasões, e afirma que neste governo não receberá nenhum “fora da lei”.
É importante lembrar que Nabhan Garcia foi denunciado de posar em foto, publicada no Estado de S. Paulo, junto a organização paramilitar fascista de encapuzados altamente armados, que ameaçavam de morte os trabalhadores que lutavam pelo direito a terra no Pontal de Paranapanema. A CPI aberta no Senado não resultou em nada como se espera no regime dominado pelos interesses burgueses.
O projeto do fascista é dar título de posse de 600 mil propriedades de até 2500 hectares na Amazônia seguindo os moldes da ditadura, ou seja, da autodeclaração dos ocupantes de terras. É importante frisar que este modelo condicionou a posse definitiva das terras a resultados produtivos, sem política para subsidiar os trabalhadores resultou em dispersão da luta e abandono das terras.
Desta vez, o que se pretende é entregar 32 milhões de hectares aos grupos ruralistas e seus laranjas, terras onde estão contidas reservas indígenas e ambientais e terras públicas. Para implementar esse projeto contou com apóio total de Jair Bolsonaro que demitiu todos aqueles que criaram impedimentos, como foi o caso dos generais Franklimberg de Freitas da Funai e João Carlos Jesus Corrêa do Incra, este por cima da autoridade da ministra da Agricultura, a ruralista Tereza Cristina.
A luta dos trabalhadores do campo não está dissociada da luta de toda população. A derrota deste projeto, por sua vez, não está dissociada da derrota do governo eleito através da maior fraude da história das eleições que prendeu Lula e do golpe no seu conjunto.
Os trabalhadores devem lutar por uma verdadeira reforma agrária que leve a expropriação de todos os ruralistas. Para isso é preciso derrotar o governo Bolsonaro, exigir novas eleições com a participação de Lula, além de uma nova constituinte. Este regime não é capaz de atender e consolidar as reivindicações dos trabalhadores.