Pular para o conteúdo principal

O PT no papel de Geni




Cá pra nós: o PT nasceu sob o signo da utopia , se formou e se fortaleceu sob o manto da ética. Seus arroubos socialistas e éticos apavoraram a elite num determinado momento, fazendo de Lula um sapo barbudo de meter medo em quem vivia (por ignorância ou má fé)  atormentado e atormentando com o fantasma de um comunismo que nunca, em tempo algum, ameaçou o Brasil.

Aí o PT cresceu, viu seu balão inflar pelas urnas. Foi ganhando musculatura, até que um dia chegou ao poder central, justamente por meio do carisma e da popularidade do seu maior líder. Uma vez “Lula lá” , o Partido dos Trabalhadores colocou em prática seu projeto de poder, pelo qual ocuparia o Palácio do Planalto por pelo menos 20 anos.

Depois de Lula, o nome da vez seria naturalmente Celso Daniel, mas o prefeito de Santo André morreu assassinado no comecinho do primeiro governo petista. Os matadores foram presos, mas a própria família do político assassinado nunca deixou de suspeitar que tinha gente graúda da cúpula partidária envolvida no crime.

A partir de então, subia a cotação do chefe da Casa Civil, José Dirceu, cujo projeto pessoal de suceder Lula foi enterrado pelo escândalo do mensalão. No lugar de Dirceu, assumiu o cargo politicamente mais importante do governo (depois do presidente, claro), a então ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff. O resto da história todo mundo sabe. O que talvez dificulte o entendimento é como e porque o PT caiu na vala comum dos partidos tradicionais.

Explicar isso, não é tarefa   para um simples jornalista que, no máximo se aventura pelo exercício de uma sociologia de botequim. É amparado , então, pela metáfora do botequim , que me atrevo a dizer: o PT tornou-se um partido odiado, talvez o mais odiado de toda a história recente do país. Não sem razão: o medo da socialização e do purismo potencializou a paúra e oxigenou o preconceito que as elites nutriam contra a esquerda.

As práticas tradicionais da velha política partidária que contaminaram a cúpula petista levaram  figuras exponenciais do Partido dos Trabalhadores a romper com o Lulo-Dilmismo. Isso aprofundou a crise de credibilidade do outrora vestal e deu gás para a oposição envenenar o cenário político de 2014.

Se num determinado momento o PT semeou vento por meio das práticas deletérias de Dirceu, Delúbio e companhia, era previsível que colhesse tempestade. E mesmo não sendo o único responsável pelo esquema de roubalheira na Petrobrás,  que vem de longe, diga-se de passagem, acabou transformado na Geni da corrupção institucionalizada. Notem que nenhum dos partidos tradicionais , inclusive o PSDB se encontra fora dessa. O tucanato,  que durante a disputa eleitoral de 2014 se fez estilingue,  já não atira mais pedras no telhado petista com a mesma desenvoltura que tinha até seu ex-presidente Sérgio Guerra (in memoriam) ser citado na Operação Lava Jato.

Não generalizemos quanto ao PT enquanto partido, porque as suas bases regionais e municipais ainda contém um número considerável de sonhadores, que acreditam na revolução socialista e , por ingenuidade e boa fé, preferem segurar a onda e defender os princípios éticos que guiaram os primeiros passos da legenda. São esses que mais sofrem com o preconceito e o ódio manifestado nas ruas e nas redes sociais. A duras penas,  eles ainda se movem pela utopia de um Brasil ético e soialista.

Enquanto isso na sala de justiça,  a  elite brasileira faz o coral de milhões de vozes que rege com sua batuta apodrecida,  aumentar o tom da música que melhor retrata a hipocrisia nacional:  “Joga pedra na Geni/ Joga bosta na Geni / Ela é feita pra apanhar/ Ela é boa de cuspir...”  














Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Começou mal,muito mal

   Sergio Moro começou efetivamente sua vida de político neste sábado em Curitiba. Numa feira   no Juvevê   foi recebido com frieza pelo povo e ouviu muitos insultos. Chegou mudo e saiu clado, acompanhado de meia dúzia de assessores, inclusive uma cinegrafista. Ele disputa com Álvaro Dias, seu ex-fã e agora inimigo, a única vaga do Senado. Chances de vitória? Tem, mas são pequenas, pra não dizer, quase zero.  

Demora, mas chega...

 Estou ansioso pelo blog, que está demorando por conta da demanda de trabalho da equipe que está montando. Hoje recebi a notícia de que está sendo finalizado e entra no ar ainda esta semana. Pretendo atualizá-lo o tempo todo - de manhã, de tarde e de noite.