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É isso que o presidente quer celebrar




O discurso dos saudosistas é de que a ditadura militar, que eles chamam de revolução, só torturou e matou vagabundos, terroristas, comunistas. E que foi preciso jogar duro porque era clara a ameaça comunista que pairava sobre o Brasil em 1964. Nada é mais falso do que essa narrativa torpe. Primeiro porque esse negócio da ameaça vermelha é pura falácia. Jamais o Brasil esteve próximo de qualquer predomínio dos comunistas, nem em 1964 e nem em 1934, quando falsificaram um relatório sobre uma tal intentona comunista para justificar a implantação do Estado Novo. 
Quando se fala em  tortura e assassinatos durante os anos de chumbo, o símbolo daquele período sombrio é o jornalista Vladmir Herzog, então editor-chefe da TV Cultura de São Paulo. Vlad foi preso e morto no DOI-Codi e diante da repercussão negativa, inclusive internacionalmente, os militares divulgaram uma foto dele pendurado numa corda, como se tivesse se enforcado.
Morreu muita gente que os documentos oficiais não revelam. E as vítimas não foram apenas militantes políticos e contestadores do regime que chegaram a pegar em armas. Morreram milhares de índios e agricultores que ousaram contestar, por exemplo, as inundações de suas terras para a construção de hidroeléctricas . Morreu gente que nem sabia o que era comunismo, que sequer tinha visto uma capa de O Capital, o então livro maldito de Kal Marx .
Compositores e cantores , autores de peças teatrais e atores, intelectuais e qualquer um que manifestasse publicamente contrariedade  à supressão da liberdade naquele momento, estava sujeito a ser preso pelos órgãos de repressão, torturado e com sorte, sair vivo. Essa era a realidade , assim tocava a banda , sobretudo durante o governo Médici, o mais sanguinário dos generais presidentes.
Rememorar os fatos que precederam o golpe ocorrido em  1º. de abril , mas oficializado como tendo sido deflagrado em 31 de março para fugir do dia da mentira, demandaria muito espaço e resultaria num texto longo, que poucas pessoas se dariam ao trabalho de ler. Mas quem conhece a história e se não conhece se der ao trabalho de pesquisar no Google, saberá o tamanho do absurdo e da afronta que faz aos brasileiros o presidente Bolsonaro, ao celebrar aquelas atrocidades.
Essa, convenhamos, é uma mancha de sangue que o Brasil ainda não conseguiu remover do seu mapa.



Comentários

Irineu disse…
Engraçado! A CHINA é comunista é dá de 10 a 0 no Brasil! CUBA, um país pobre e massacrado pelos USA, atingiu a perfeição no social! E o Brasil? Principalmente, o da DITADURA militar? Militares que, aliás, no momento, dão um show de incompetência, sendo que o presidente da república, um deles, o pior de todos, vem sendo desqualificado, inclusive, pelo presidente da Câmara! Legal, não? Ah! E as nossas perspectivas são as piores possíveis!
Anônimo disse…
O que diferencia as sisudas senhoras e os vetustos senhores das “marchas com Deus e a família” de seus netos e netas vulgares e ignorantes do “Vem pra Rua” e do “Fora Dilma”?
O que diferencia a “luta contra a corrupção” e o falso moralismo udenista da “luta contra a corrupção” e o falso moralismo tucano lavajatistas?
O que diferencia os slogans anticomunistas que alertavam do perigo vermelho e os slogans anticomunistas que dizem que nossa bandeira jamais será vermelha?
Nada além de 50 anos repetitivo, cíclico e “circular” de velhas e novas gerações, de nossas “classes” “médias”, sempre dispostas a embarcar alegres nas aventuras golpistas, antidemocráticas, antinacionais e antisociais dos Donos do Poder.

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