Quem menos fez até agora para
combater o coronavírus no Brasil foi o governo do presidente Bolsonaro. Lá se
vão três meses da declaração da pandemia e o Ministério da Fazenda continua
retendo os recursos orçamentários destinados à saúde nessa situação de
emergência.
O freio de mão está puxado também para o socorro emergencial aos
trabalhadores e às empresas. É só perversidade? Também. Mas é principalmente
uma estratégia demoníaca para levar o país ao caos e turbinar o golpe.
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"Coveiro Federal" ou
"Governo Funeral" ?
No dia 15 de março, quando o Ministério da Saúde recomendava que aglomerações fossem evitadas e a Organização Mundial de Saúde (OMS) já recomendava o afastamento social, Bolsonaro celebrou em sua conta do Twitter atos que estavam acontecendo pelo país — depois de negar que ele mesmo os tivesse convocado.
Chamou a covid-19 de "gripezinha", minimizando a doença em rede nacional no dia 24 de março.
No dia 29 de março, um dia após seu ex-ministro Mandetta defender o isolamento social e recomendar que as pessoas não saíssem às ruas, Bolsonaro deu um passeio por várias partes de Brasília. Entrou em uma farmácia e em uma padaria, causando aglomeração e tirando fotos com apoiadores — entre eles, pessoas com mais de 60 anos, parte do grupo de risco para o coronavírus. Depois disso, em outras duas ocasiões, nos dias 9 e 10 de abril, voltou a sair em passeios por Brasília, causando mais aglomerações e abraçando e dando apertos de mãos em apoiadores.
Bolsonaro também chegou a participar de uma manifestação. No dia 19 de abril, endossou e esteve de corpo presente em um protesto com bandeiras contra a democracia em Brasília. O presidente até discursou na manifestação.
A última de suas aparições claramente violando as recomendações da OMS e de seu próprio Ministério da Saúde foi neste domingo, 3 de maio, quando foi à rampa do Palácio do Planalto falar com apoiadores. Sem máscara, não respeitou o distanciamento social e pegou crianças no colo para tirar fotos.
Além disso tudo, desde o começo da pandemia, o presidente do Brasil vem fazendo uma série de declarações minimizando a doença causada pelo coronavírus e rechaçando medidas para conter sua disseminação pelo Brasil. "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?", disse ele quando o país ultrapassou a marca de 5 mil mortos na semana passada.
"É um desserviço imenso, e influencia muito a população", avalia Stucchi. "De um lado, vemos na televisão notícias sobre a pandemia, sobre o coronavírus. De outro, vemos o presidente dando beijinhos, abraços, andando sem máscara e atraindo multidões", diz ela, citando como contraponto a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Arden, e seus pronunciamentos sobre o coronavírus e a importância do distanciamento social.
Para ela, "a postura do presidente tem dificultado o trabalho de todos que tentam mostrar, a área da saúde e da imprensa, qual é o caminho que deu certo nos outros locais e o que é importante para controlar a transmissão". "Certamente não é um caminho com essa falta de exemplo, essa remada contra a maré que vem sendo feita pelo presidente."