O jornalista e economista (doutor pela
Copp/UFRJ) J. Carlos de Assis diz com
todas as letras que o presidente Michel Temer mentiu ao vincular a crise dos
Estados aos seus sistemas de previdência: “Sua excelência mente. Mente descaradamente. Se tivesse um
mínimo de honestidade se omitiria de abordar essa questão já que, em seu plano
de governo não cabe o conhecimento das verdadeiras razões da crise dos Estados.
Não podendo dizer a verdade, que nada dissesse a respeito.Mas ele não resistiu,
mentiu duplamente. Primeiro com uma avaliação falsa da situação financeira dos
Estados e segundo, usando descrição falsa como elemento de comparação com a
situação federal, que justificaria a reforma da Previdência”.
A
crise dos estados, na avaliação de Assis está diretamente relacionada ao
estrangulamento financeiro provocado pela dívida junto ao Govrno Federal, que
lhes foi imposta em 1997, em condições consideradas por ele de draconianas. A
dívida ,então, totalizava à época R$ 111 bilhões. Foram pagos R$ 277 bilhões
desde então e hoje os estados devem à União R$ 476 bilhões. Portanto, nada a
ver com os gastos previdenciários dos Estados. No caso do Paraná, foi a
previdência estadual que socorreu o governo. Ou será que alguém esquece os R$ 8
bilhões que Beto Richa pegou na cara dura da ParanaPrevidência, aliás o estopim
das manifestações de protesto que geraram aquele massacre do 29 de abril no
Centro Cívico?
Temer
faz esse discurso terra arrasada para chantagear os governadores, de quem busca apoio para seus projetos de
reformas previdenciária e trabalhista. E mais: busca conivência (e
subserviência) para o seu processo de privatizações de empresas de energia e de
saneamento dos Estados, caso da Copel e da Sanepar. Só o governador de Minas ,
Fernando Pimentel,resiste idéia. “Então se a família está passando fome ela
vende o fogão para resolver o problema”, questionou Pimentel ontem em
entrevista a Rádio CBN. Segundo ele, a COPASA e a CEMIG são estatais
superavitárias . Por que então privatizá-las? É um crime de lesa pátria
entregar este setor tão estratégico para os estados ao capital privado.
Para
o investidor privado ter uma Copel e uma Sanepar nas mãos é um negócio da
China. São empresas que vendem um
produto que indispensável para a vida das pessoas. Ninguém vive sem água
e sem energia. E não tem como outra empresa entrar no negócio para concorrer,
embora no caso da água existam municípios que mantém seu próprio sistema de
saneamento ou até terceirizem. Mas isso é exceção, não é regra. Some-se a tudo
isso o fato de que não inadimplência, porque não pagou fica sem o serviço. Além
de tudo isso: o saneamento básico dispõe de linhas especiais de financiamento,
inclusive de organismos internacionais, caso do Banco Interamericano de
Desenvolvimento. Se isto não bastasse, quem não sabe que os processos de
privatização no Brasil acabam colocando empresas lucrativas nas mãos de grupos
privados a preços de banana? Nunca se pode esquecer o escândalo da privataria
tucana, denunciado em livro pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior. Sinceridade,
Temer está se superando no desmonte do estado brasileiro
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