Como Edson Arantes do Nascimento ele é uma figura contraditória. Alterna momentos de generosidade e consciência política, com momentos de pusilanimidade e absoluta falta de sensibilidade humana, como foi o caso do descaso para com Sandra Regina, a sua filha bastarda que, apesar da comprovação via dna ele relutou em reconhecer a paternidade. Mas como Pelé é absolutamente inquestionável a sua genialidade , tanto quanto o é a sua coroa de rei. Ninguém há de negar que Pelé é o ser humano mais conhecido no mundo em todos os tempos, em todos os cantos e por todos os povos. É a maior bandeira que o Brasil teve, tem e terá sempre, por onde quer que vá o nome do nosso país. Nenhum diplomata brasileiro fez mais pelo Brasil lá fora do que Pelé, só com o nome derivado da sua magia com a bola nos pés.
Nos campos por onde desfilou, em pelo menos 60 países, Pelé encantou, arrancou aplausos, gritos, choros e emoções. Parou uma guerra, salvou vidas. Foi o caso de uma equipe de jornalistas da Globo que, em terras conflagradas, se viu na mira de fuzis. Silio Bocaneira estava uma vez cobrindo a guerra do Afeganistão quando se perdeu do intérprete e topou com um grupo de esfarrapados afegãos que fatalmente mataria ele e seu cinegrafista. O repórter gritou que era do Brasil, exibiu a bandeira verde e amarela, e nada. As armas estavam engatilhadas quando lhe ocorreu gritar o nome de Pelé. Foi batata: os afegãos largaram as armas e abraçaram os dois brasileiros, gritando em coro: “Peléee ! Peléee !”.
Estadistas, reis e rainhas , quiseram ver Pelé, cumprimentá-lo e até
abraçá-lo como foi o caso da Rainha Elizabeth na Copa do Mundo de 1966. Naquela
Copa a seleção fazia sua preparação em Liverpool, quando a delegação canarinha
barrou a entrada de ninguém menos que os Beatles, que queriam fazer um show gratuito para os jogadores, sobretudo
para Pelé. Anos depois, John Lenon se encontrou com Pelé em uma escola de
línguas em Nova York e se queixou. Pelé disse que nunca ficou sabendo do fato e
lamentou.
Certa feita Pelé se encontrou com o presidente dos Estados Unidos , que se quedou: “ Como aqui o desconhecido sou eu, deixa eu me apresentar: muito prazer, meu nome é Ronald Regan”.
Falar das jogadas geniais de Pelé desde 1958 até a Copa de 70 é chover no molhado. E como a esta altura dos acontecimentos,
todo mundo está encharcado de pelemania, fico por aqui, só desejando ao rei do
futebol, que tanta alegria me deu como brasileiro e como santista, que sua
existência aqui na terra vá muito além dos seus 80 anos, completados nesta
sexta-feira, 23 de outubro de 2020. E
cada vez mais me convenço de que seu Dondinho e dona Celeste realmente jogaram
a forma fora, porque outro Pelé jamais surgirá no planeta terra.
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