Está
surgindo um esquema de caixa 2 monumental na política brasileira. E aí entra
muito dinheiro púbico, de prefeituras pobres em cidades de populações
miseráveis. Os principais protagonistas são artistas sertanejos, todos
bolsonaristas de carteirinha. Envolve
também a Lei Rouanet, mal falada por Bolsonaro et caterva. É a hora de entrar
em campo o jornalismo investigativo, que já tem por onde começar a devassa. O
ponto de partida atende pelo nome de Gustavo Lima, que segundo o site 247 acaba
de comprar uma fazenda de R$ 275 milhões.
Na verdade o
bolsonarismo é orientado a travar na sociedade brasileira uma batalha cultural,
impondo valores deturpados a uma sociedade dividida, com a certeza de que na hora do voto o que
fica é a lavagem cerebral em cima de agendas de costumes. Falta de saneamento
básico, de moradia, fome, caos na saúde e na educação, isso é apenas detalhe. O
importante é ampliar a produção de chantili , para que ninguém perceba que o
creme está ali apenas para cobrir o prato de bosta.
Comentários
Mas se você pensa que esse sucesso todo vem do talento dos tais artistas, engana-se. Há uma gigantesca estrutura política e econômica por trás deles.
O gênero sertanejo universitário bomba devido a enormes investimentos do agronegócio e seu fetiche sobre o “homem de bem do campo que sustenta a cidade”, como revelou matéria recente da revista Piauí.
Na verdade, porém, 75% dos alimentos que consumimos no Brasil são plantados, colhidos e distribuídos pela modesta infraestrutura da agricultura familiar, ou seja, dos pequenos produtores. O agronegócio só quer saber de exportar e forçar o preço interno dos alimentos a se equiparar aos de exportação.
Assim como o golpe de 2016 fez com a Petrobras através da famigerada PPI (Paridade de Preços Internacionais), o agronegócio faz com os alimentos exorbitantes que boa parte da sociedade mal pode comprar.
O que faz os “Gustavos Lima” da vida bombarem tão forte no mercado fonográfico enquanto torturam ouvidos indefesos de quem tem um mínimo de bom gosto é a indústria fonográfica e o famigerado “jabá”, o dinheiro que os produtores pagam para que suas músicas sejam tocadas “ad nauseam” .
“Nosso cachê quem paga é o povo. A gente não precisa fazer tatuagem no ‘toba’ para mostrar se a gente está bem ou mal.”
Repetição pura e simples das fake news bolsonaristas contra a Lei Rouanet mais machismo e preconceito. Tudo numa tacada só, no meio de show. Treta instalada.
Pois então. Os gênios chamaram a atenção para o problema chave do financiamento. Quem paga a conta? A galera foi atrás. A casa dos caras caiu rapidinho.
No show em que criticaram Anitta, a dupla havia embolsado R$800 mil de cachê da prefeitura de Sorriso, no Mato Grosso, cidade com menos de 100 mil habitantes. A mídia foi atrás de levantar os esquemas.
O mais raipado da turma, o tal Gusttavo Lima, outro bolsonarista, recebeu R $800.000 para cantar na gigantesca e próspera cidade de São Luiz, em Roraima, que tem 8.500 habitantes. Sim, é isso mesmo!
Magé, cidade de menos de 250 mil habitantes, que fica na baixada fluminense, fará 457 anos no próximo dia 9 de junho. Efeméride que demanda, obviamente, grandiosas comemorações.
Nosso talentoso Gustavo foi contratado para fazer um showzinho lá. Considerando tudo, a equipe do astro fez um descontinho bacana: só cobrou um milhão e quatro mil reais da prefeitura.
De Belo Horizonte à Conceição do Mato Dentro são 167 km. A pequenina cidade tem uns 18 mil habitantes. Contratou, para abrilhantar suas festas cívicas, as simpáticas Simone e Simaria – foram míseros R$950 mil, mesmo valor ao qual os geniais Bruno e Marrone terão direito na tal festança (entre outros pagamentos).
Foi divertido assistir ao super Gusttavo Lima (ele escreve o próprio nome com esses dois tês), quase chorar nas redes sociais – se fazendo de coitado, perseguidinho. Jura que nunca se beneficiou de recursos públicos. Imaginem se tivesse!
E é Requião governador no Paraná também!
E tem um monte de gente defendendo esses sertanejos que vivem arrotando moral e apontando o dedo pra lei Rouanet que é patrocinada pela iniciativa privada, através de incentivos fiscais, tem uma porcentagem máxima permitida e obedece uma série de critérios. Mas os donos da moral e bons costumes não têm nenhum pudor em negociar contratos com valores exorbitantes financiados com dinheiro público de cidades pequenas em estado crítico. Esses shows precisam ser cancelados e os contratos investigados, antes que o rombo fique maior.
E não podemos deixar de comentar que tanto os "artistas* envolvidos quanto os prefeitos são Bolsonaristas.
É uma coincidência incrível.
Eles acham um jeito de fazer rachadinha em tudo.